Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

sábado, 21 de março de 2015

♫♫'Não adianta ir à igreja rezar e fazer tudo errado.'♫♫

Publicado originalmente em 16mar2013.

Ou seja, não adianta ir à igreja e não obedecer a TODOS os mandamentos e acreditar na mentira de que só alguns foram abolidos. Ou então tenha coragem e seja coerente, rasgue o que chama de Velho Testamento e jogue fora e não cite NADA dele, não siga NADA dele, e pare de citar e seguir só as partes que acha conveniente.
"Se, porém, não lhes agrada servir ao Eterno, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas, eu e a minha família serviremos ao Eterno [e somente a ele, e obedeceremos a TODOS os seus mandamentos, e não a regras humanas]". Josué24.15

Odeio incoerência, então digo de novo: Só para lembrar aos militantes de plantão, Levítico fica no que vocês chamam de Antigo Testamento, bem como a ordem para não comer porco, camarão, a ordem para guardar o sábado e outros tantos mandamentos que vocês resolveram ignorar. É incoerência usar só o que é conveniente. Se você não cumpre Levítico 11 ou Levítico 23.3, por que faz campanha para que Levítico 18.22 seja obedecido? São textos do mesmo livro, fazem parte da mesma Lei (Torah).

Leia também Lei civil X lei religiosa ou crime X pecado

Para recordar: Diretas 22

Publicado originalmente em 7nov2014.

"Lizzie: 'Onde estamos exatamente?'
Tia: 'Acho que estamos bem perto de Pemberley.'
Lizzie: 'A casa do sr. Darcy?'
Tio: 'Esse mesmo. Um lago cheio de peixes. Estou ansioso para ir lá.' 
Lizzie: 'Ah, não, não vamos. Ele é tão... É melhor não, ele é tão... Ele é tão...' 
Tia: 'Tão o quê?' 
Lizzie: 'Ele é tão rico!' 
Tio: 'Oh, pelos céus, Lizzie, está sendo esnobe. Criticar o sr. Darcy só porque ele é rico. O pobre homem não tem culpa.' "
(Cena do filme "Orgulho e preconceito")

As profecias sobre o Messias dizem que ele fará com que Israel volte a seguir a Torah. Então, ou Jesus não aboliu a Torah como dizem (ou parte dela como convém, como guardar o sábado, não comer porcarias, celebrar as festas de Levítico etc), ou ele não é o Messias. Decida-se. E tem gente que despreza os judeus e vive dizendo que eles precisam de Jesus, mas como vão acreditar em um messias que cuspiu e pisou na Torah?
"Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Eterno: "Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Elohim deles, e eles serão o meu povo." Jr31.33
"De uma lua nova a outra e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se inclinará diante de mim", diz o Senhor." Is66.23
"E muitos povos e nações poderosas virão buscar o Senhor dos Exércitos em Jerusalém e suplicar o seu favor. Assim diz o Senhor dos Exércitos: 'Naqueles dias, dez homens de todas as línguas e nações agarrarão firmemente a barra das vestes de um judeu e dirão: ‘Nós vamos com você porque ouvimos dizer que Deus está com vocês’ "Zc8.22,23
"Ninguém fará nenhum mal, nem destruirá coisa alguma em todo o meu santo monte, pois a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar." Is11.9 
"Então, os sobreviventes de todas as nações que atacaram Jerusalém subirão ano após ano para adorar o rei, o Senhor dos Exércitos, para celebrar a festa das Cabanas." Zc14.16

Não, eu não dou esmolas na rua. Não, eu não vou tomar banho de gelo (desperdício de água, água = dinheiro) e nem vou doar para campanha nenhuma (como se a riquíssima indústria da "saúde" precisasse mesmo de doação, mas de dinheiro eles gostam, com certeza). Não, eu não ajudo orfanato, asilo etc, nem atendo campanhas suspeitas por telefone. Não, não telefono para campanhas beneficentes de arrecadação de nenhum canal de televisão. Não, eu não participo de campanhas para ajudar crianças com tratamento nos EUA. Sim, eu já pago muitos, muitos, muitos, muitos, muitos impostos (uma das maiores cargas tributárias do mundo), que deveriam ser investidos nisso tudo e muito mais. Se não são, a culpa não é minha. E se já pago muito, muito, muito, muito, muito imposto, significa que minha renda fica bem limitada e se eu fosse participar de todas essas campanhas não teria nem para comprar comida. Sim, eu ajudo o próximo (bem próximo), faço caridade, mas isso não é da conta de ninguém. E qualquer semelhança com o sistema religioso não é mera coincidência, "porque na hora da ajudar os pobres, os líderes fazem campanhas do quilo e os que já entregaram os dízimos, ofertas, compraram na cantina etc etc, acabam sendo intimados a doar alimentos. Jamais tiram dos cofres do sistema, mas tiram do bolso dos membros" (trecho do texto no blog: "Dízimo ou mensalidade do clube?"). E infelizmente contribuí para isso por muitos anos na religião, mas agora não caio mais nesses golpes, nem dos governos, nem do sistema religioso.

A contenda mora nos mal-entendidos. Conheço duas pessoas que estão há quase 50 anos magoadas uma com a outra por causa de dois grandes mal-entendidos. E eu só conhecia um lado da história, mas recentemente a vida me aproximou da outra pessoa e pude ouvir a sua versão dos acontecimentos, e percebi que tudo não passou de uma enorme confusão. E descobri que perdi muito por ter sido afastada do convívio com essa pessoa, podia ter aprendido mais com ela, temos tanta coisa em comum, somos tão parecidas que até me assusto. É, tenho tentado aproveitar a oportunidade que a vida me deu, e ela tem me ensinado coisas bem legais, principalmente sobre culinária. Mas podia ter sido assim há muito mais tempo. Então, não fique no "achei que ela me tratou mal", mas pergunte, não tenha vergonha de perguntar, esclareça, não fique na dúvida. E também se alguém tentar esclarecer um mal-entendido com você, seja sincero, fale o que está sentindo, se ficou magoado, se acha que houve ofensa. A contenda é sutil, atua bem de mansinho, e se deixarmos as coisas sem esclarecimentos o resultado pode ser uma inimizade às vezes para a vida toda.

A máfia do veneno na mesa: indústria assassina, governos que lucram e otários que compram.

Tem uma coisa que me irrita profundamente: gente que não cumpre a Torah, diz que uma parte foi abolida, e ainda critica quem quer cumprir, mas vive citando textos do Tanach (AT) nas redes sociais. Um texto que adoram citar é o de Josué 1.9, mas ignoram completamente Josué 1.7. Por favor, por coerência, rasga e joga fora. Pronto, falei!

Não planejei ser assim, mas fui fazendo escolhas diante das informações, fui me posicionando, e hoje me vejo em completa minoria, defendendo causas que a maioria condena, rejeita, zomba: teshuvah, alimentação saudável, contra violência a mulheres e crianças, contra pedofilia, contra violência médica e obstétrica, e totalmente a favor de Israel. Ser minoria é às vezes solitário, às vezes triste, às vezes desanimador. Mas continuo firme nas minhas escolhas.

Triste ver evangélicos sendo contra Israel, principalmente com argumentos completamente mentirosos. E definitivamente tenho vergonha do meu passado dentro do sistema e fico feliz por ter me livrado dessa doença. "Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados." Gn12.3-4

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” Ruy Barbosa.

“Porém, o que chama a atenção é o fato de cerca de 80% dos presos entrevistados serem desviados de igrejas, filhos de pastor ou terem alguma pessoa na família que é evangélica. Poucos deles nunca haviam ouvido falar de Jesus através de um parente. Impressionada com a estatística, a repórter conversou com alguns agentes religiosos e descobriu que sua breve percepção é algo concreto: a maioria de presos no sistema penitenciário realmente é formada por parentes de evangélicos.” (Trecho de reportagem da Revista Igreja)

Heresia é fazer festa junina com outro nome – da roça, do milho etc – e achar que não é a mesma coisa. E ainda pintar dente de preto (maldição de doença), usar remendos na roupa (maldição de pobreza) e falar errado (maldição de burrice).

A gente vive tentando manter uma alimentação saudável, fugir dos "antes", principalmente dos corantes, vive postando sobre o assunto para ajudar a conscientizar a população... Aí compro um sulfato ferroso e os comprimidos são ROXOS??????? Pra que isso????? Aí já faz um tempo que isso de remédio com corantes está entalado na garganta e começo a pesquisar no São Google. Aí começa a dar ira só em ler os títulos das postagens: "70% dos remédios de uso infantil contêm corantes"; "Corantes em remédios podem causar alergias em crianças"; "Corantes de alimentos e remédios podem causar reação alérgica grave" etc etc. A ira é tanta que nem li os textos, deixei tudo aberto e fui ver série na TV com marido para desacelerar. Ou seja, definitivamente odeio tudo isso. Odeio que em pleno século 21 não haja uma lei proibindo isso. E odeio a indústria farmacêutica assassina e gananciosa. ODEIO, ODEIO, ODEIO. Odeio esse país. Pra onde se foge de tudo isso?

Definitivamente não vim a esse mundo nem ao mundo da internet a passeio. Eu trabalho onde o povo se diverte.

E daí que anos depois a pessoa que ficou quase de mal comigo por não concordar com o que eu falava agora vem pro Face e posta exatamente igual ao que eu dizia. Mas veio me dizer que eu tinha razão???? Claro que não!

Teshuvah é restauração, retorno às raízes, retorno ao original. ‎"Reforma ou restauração de casas antigas – atenção para as diferenças! Na restauração tudo tem que ser mantido exatamente igual ao original, sobretudo a fachada, ... sempre com cuidado para não alterar as configurações e o estilo do imóvel. Já na reforma você pode aproveitar o que gosta e adaptar tudo aquilo que precisa para que a casa fique como você sonha... com ares mais contemporâneos." (Blog Casos de Casa) - "Restauração é a arte de reconstruir, preservar e conservar uma obra de arte em sua forma original." (Oficina de Restauro Regina Célia Sabó)

Não adianta a pessoa sair do Egito se o Egito não sair de dentro da pessoa. Seja livre. Amando ser livre. Pessach é liberdade!

Leia todas as diretas antigas.

domingo, 15 de março de 2015

DEMOcracia

Publicado originalmente em 19jun2013 e repaginado em 2set2014.

Nasci no início da ditadura, mas cresci em um ambiente democrático, que é o regime do grupo religioso que meus pais seguem e que eu segui até os meus 40 anos. Aos oito anos já havia adquirido o direito de votar e ser votada nesse sistema. Aos 14 já liderava reuniões administrativas dos adolescentes, com regras parlamentares, eleições diretas, atas e, lógico, a politicagem dos bastidores que nunca deixei de notar com meus olhos sempre questionadores. E desde os 17 anos, e por muito tempo dentro do sistema religioso, fui secretária de atas em várias instituições, e por causa da função estava presente em todas as reuniões e assembleias administrativas e precisava prestar muita atenção em tudo que se falava, porque não eram gravadas como hoje, contava apenas com minhas anotações que serviam de base para redigir a ata depois.

Aos 18 anos presenciei a queda da ditadura e o retorno da DEMOcracia no Brasil. Uma cena marcante que não sai da minha mente foi a comoção coletiva por causa da morte de Tancredo Neves, as pessoas choravam por terem perdido o grande salvador da Pátria, e eu ficava olhando aquilo e não entendia porque tanto desespero. E desde então observo esse sentimento coletivo de anseio por um “messias”, por um salvador, que traga paz, leis mais justas, que acabe com a desigualdade social. E em cada eleição que presenciei o anseio por mudança, por esse salvador da Pátria, era nítido nas pessoas. E quando “eles” orquestraram o impeachment do Collor, esse anseio saiu pelos poros em forma de manifestações populares que entraram para a história do Brasil. E o povo que acreditava em Papai Noel ficou decepcionado, porque nada mudou como se esperava, e hoje está muito pior do que era. Essa carência de heróis e essa fé em uma única pessoa deve ser a falta de um rei, porque para mim a monarquia é a forma de governo impressa no DNA humano.

No meio da minha juventude, quando o Brasil já havia retomado o processo de eleições diretas, trabalhei como funcionária em uma instituição religiosa e ali pude ver muito de perto o reflexo da sociedade democrática brasileira e o que mais me chamava a atenção era como os adeptos da oposição e militantes partidários no processo eleitoral brasileiro levavam os mesmos “ideais” para o sistema religioso. E por muitas e muitas vezes vi a politicagem dos bastidores, vi a manipulação dos eleitores, e vi com muita tristeza a “oposição” deixar de apoiar uma ideia, não porque a ideia não era boa para o povo, mas porque a ideia vencedora não havia sido a ideia do grupo de oposição, e eles, mimadinhos, ficavam emburradinhos e não ajudavam a colocar o projeto vencedor em prática, e pior, às vezes boicotavam, atrapalhavam, engessavam a engrenagem e atrasavam todo o processo. Entendi que esse era o modelo da oposição no Brasil, é como se pudesse ouvi-los dizer: “Se não é a minha ideia, sou contra, e pronto, não interessa se é para o bem do povo, se não sou eu que estou no poder, sou contra a tudo”. Desde então passei a ter horror a essa oposição, tanto no sistema eleitoral brasileiro, quanto no sistema religioso.

Dentro do sistema religioso acompanhei de perto e de longe alguns casos de impeachment (e sinto muita vergonha do meu passado). Quando o líder principal começava a desagradar aos "donos" da instituição, iniciava-se um motim que ia crescendo feito bola de neve e culminava com a expulsão do líder. E então começava o processo de escolha do novo líder, indicações, entrevistas, sabatinas, e enfim o novo líder era escolhido pela comunidade. No início só havia flores, mas depois do primeiro ano o motim começava de novo, às vezes terminava em um novo impeachment, às vezes a comunidade cansava e se resignava, apesar da insatisfação. Ou seja, era exatamente como na política, uma grande ilusão de que o líder vai salvar a Pátria e vai mudar o mundo, só que esse líder precisa agradar a gregos e troianos, e como isso nunca vai acontecer, continuam acreditando que o próximo vai ser melhor. E o pior é ouvir sempre a mesma coisa, tanto no sistema político quanto no sistema religioso: "Ah, no tempo de fulano era bem melhor".

Do sistema religioso eu me livrei, quando decidi seguir carreira solo na espiritualidade, ou melhor, carreira em duo, eu e meu marido, e abandonei o sistema e me libertei daquele ambiente doentio.

Do sistema DEMOcrático brasileiro não tenho como livrar, porque sou obrigada a votar, ou melhor, sou obrigada a comparecer ou justificar, mas não sou obrigada a dar meu voto para ninguém, por isso faço meu protesto há muitos anos, desde minha segunda ou terceira eleição, com algumas recaídas no meio do caminho, mas na maioria sempre anulando meu voto, e a partir da próxima eleição nem vou me dar o trabalho de sair de casa e correr o risco de usarem meu voto nulo para algum candidato – lógico, não confio no sistema.

Anulo mesmo, e agora nem vou votar, porque para mim tanto faz quem está no poder, não confio em partidos, nem em um salvador da Pátria, e acredito, e tenho visto isto desde que me entendo por gente, que a máquina funciona independente de quem está no poder, e não tenho a ilusão de que trocar o presidente vai mudar de fato a Nação, só vai trocar seis por meia dúzia. Eu não acredito em Papai Noel e não acredito em salvador da Pátria.

E não voto por acreditar na teoria da conspiração. Acredito que isso tudo foi orquestrado por “eles”, e que “eles” já decidiram quem vai ser eleito e o povo é enganado, acreditando que realmente escolheu o candidato. Para mim quem ganha eleição é pesquisa eleitoral, vão ser eleitos os candidatos que as pesquisas apontarem como favoritos, porque o povo tem a tendência de votar em quem está ganhando, até para tentar evitar a “chatice” do segundo turno.

Eu sei que muitos condenam o voto nulo ou a ausência, argumentam que é omissão, que não é um processo democrático etc. Mas eu penso que é uma forma de protesto, sem causar tumulto na cidade, sem roubar o direito de ir e vir das pessoas, sem violência. Em todas as eleições eu mando o meu recado de insatisfação e meu grito por mudança. Nas últimas eleições no Brasil houve um número muito grande de votos nulos e de ausências. A população está dando um recado aos governantes e eles deveriam começar a prestar atenção a isso. Prefiro a minha forma de protesto.

E para quem pergunta o que nós fazemos pela sociedade, respondo: o que eu faço de caridade não interessa a ninguém, não faço para me promover. E a minha maior contribuição à sociedade é obedecer às leis, não jogar lixo nas ruas, ter hábitos ambientalmente corretos, respeitar o direito do outro, pagar muuuuuuuitos impostos. Tenho plena convicção de que procuro fazer a minha parte. E pago um preço alto por isso, porque só quem tenta fazer as coisas certas sabe o que é sofrer com bullying dos amigos, dos familiares e dos religiosos (é, deles também, e muito). Desde criança sou alvo de zombarias porque sou a "certinha", a "santinha" (já me mandaram pro convento diversas vezes na adolescência), a "metida", a "chata", e pelas costas devem falar a "otária" e outros adjetivos que nem ouso pensar. E isso por causa de coisas simples que eu me recusava a fazer, como fotocopiar um livro inteiro, atravessar fora da faixa de pedestres.

Se eu fiscalizo governos? Lógico que não. Não ganho para ser fiscal de ninguém. Para isso existem os órgãos fiscalizadores. Eu faço a minha parte pagando meus impostos, e espero que os governos façam a parte deles, usando o dinheiro com honestidade. E eu não preciso de ninguém me vigiando para fazer a minha parte. Mas se não vejo o retorno dos meus impostos, meu voto é que eles não vão ter.

Quem quiser ler um texto que resume o que venho falando sobre a hipocrisia dos religiosos, clique aqui.

P.S.: Mas afinal, por que sou contra? Meu primeiro motivo de ser contra as manifestações é a hipocrisia do povo, afinal, brasileiro reclama de quê? Não entendo o povo brasileiro que ainda se acha no direito de reclamar da corrupção dos governos. O povo não tem moral para reclamar de nada. A mudança que esperamos é a mudança da sociedade, e os políticos são apenas o reflexo da sociedade. Se a maioria da sociedade é corrupta, o reflexo vai ser a maioria dos políticos corruptos, lógico. A sociedade não é fiel no pouco, mas quer exigir que os políticos sejam fiéis no muito. Como dizem nas redes sociais: hipocrisia é a arte de exigir de alguém aquilo que não faz. (Trecho de
DEMOcracia, movimento 'O Brasil acordou' e a teoria da conspiração).

DEMOcracia, movimento 'O Brasil acordou' e a teoria da conspiração

Publicado originalmente em 19jun2013.


Sei que hoje sou uma voz quase solitária, mas preciso desabafar mesmo que ninguém leia, e gostaria de deixar registrado o porquê sou totalmente contra este teatro que estão chamando de “O Brasil acordou”, com manifestações populares em várias cidades do Brasil.

Apesar de os protestos terem começado por causa do aumento das tarifas dos ônibus – e o movimento sempre vai ser lembrado por isso –, outros motivos foram colocados em pauta, insatisfações que estão engasgadas há muito tempo, como saúde, educação, corrupção, mensalão, e o evento vem ganhando vulto e adeptos.

As manifestações não me surpreenderam porque já haviam começado há muito tempo nas redes sociais, mas me surpreendi com pessoas que eu jamais imaginei que fossem se posicionar a favor do movimento que deixou de ser virtual e passou a ser presencial. Fiquei mais surpresa ainda quando perguntei a algumas dessas pessoas e duas me disseram que sabiam que o movimento não ia mudar nada, mas era legal ver o povo nas ruas. Fiquei surpresa também com tantas mães comemorando e ajudando a incitar ódio e me perguntei o que elas diriam se um desses jovens morresse em “combate”. E se fosse o filho delas, iriam comemorar o “heroísmo” do filho?

Sempre disse que sou adepta da teoria da conspiração, e sou mesmo. Não acredito em nada gratuito, não acredito nas boas intenções de ninguém, muito menos de grupos, de instituições. Sempre penso em qual será o verdadeiro motivo da situação, o que está por trás disso, quem está orquestrando. Sempre fico tentando identificar o que está por trás da cortina de fumaça de um movimento como este. E neste caso não é diferente, para mim é um movimento com um monte de rebeldes sem causa e inocentes úteis sendo manipulados e orquestrados por interesses políticos e as pessoas aplaudindo, acreditando mesmo que isso vai mudar alguma coisa.

Tenho visto essa orquestração há muito tempo nas redes sociais e quem presta atenção nas supostas piadas nas redes sociais, percebe que isso já vem sendo plantado na mente das pessoas há um bom tempo. O ódio vem sendo incutido nos jovens há anos, a massa vem sendo treinada para obedecer com ordens com aparência de causa nobre: “Apaguem todas as lâmpadas de sua casa”, e os cordeirinhos obedecem. “Compartilhem a corrente na rede social”. “Sim, senhor!”, respondem em coro. “Tudo o que seu mestre mandar? Faremos todos.”

Junte-se a isso a sede de sangue que os mais jovens carregam dentro deles, o instinto de guerreiros reprimido pela sociedade moderna, em que não há mais duelos com espadas, e tudo isso alimentado pelas histórias romantizadas que pais e professores contam sobre a época da ditadura. Fico imaginando os jovens ouvindo essas histórias e pensando que queriam ter vivido naquela época, queriam ter visto tudo de perto, queriam ter saído às ruas para protestar. Pronto, o resultado é o que vemos agora.

Nasci no início da ditadura, mas cresci em um ambiente democrático, que é o regime do grupo religioso que meus pais seguem e que eu segui até os meus 40 anos. Aos oito anos já havia adquirido o direito de votar e ser votada nesse sistema. Aos 14 já liderava reuniões administrativas dos adolescentes, com regras parlamentares, eleições diretas, atas e, lógico, a politicagem dos bastidores que nunca deixei de notar com meus olhos sempre questionadores. E desde os 17 anos, e por muito tempo dentro do sistema religioso, fui secretária de atas em várias instituições, e por causa da função estava presente em todas as reuniões e assembleias administrativas e precisava prestar muita atenção em tudo que se falava, porque não eram gravadas como hoje, contava apenas com minhas anotações que serviam de base para redigir a ata depois.

E aos 18 anos presenciei a queda da ditadura e o retorno da DEMOcracia no Brasil. Uma cena marcante que não sai da minha mente foi a comoção coletiva por causa da morte de Tancredo Neves, as pessoas choravam por terem perdido o grande salvador da Pátria, e eu ficava olhando aquilo e não entendia porque tanto desespero. E desde então observo esse sentimento coletivo de anseio por um “messias”, por um salvador, que traga paz, leis mais justas, que acabe com a desigualdade social. E em cada eleição que presenciei o anseio por mudança, por esse salvador da Pátria, era nítido nas pessoas. E quando “eles” orquestraram o impeachment do Collor, esse anseio saiu pelos poros em forma de manifestações populares que entraram para a história do Brasil. E o povo que acreditava em Papai Noel ficou decepcionado, porque nada mudou como se esperava, e hoje está muito pior do que era. E triste que agora já estão pedindo o impeachment da Dilma e fazendo piadas de mau gosto com o nome dela nas redes sociais. É decepcionante um povo que ataca de forma tão desrespeitosa a pessoa, o ser humano na função, quando deveria apenas atacar o sistema. Recentemente tentaram criar um herói brasileiro, Joaquim Barbosa, e já estão fazendo campanha para que ele seja o próximo presidente do país.

Realmente eu não entendo essa carência de heróis e essa fé em uma única pessoa. Só posso acreditar que isso seja a falta de um rei, porque para mim a monarquia é a forma de governo impressa no DNA humano.

No meio da minha juventude, quando o Brasil já havia retomado o processo de eleições diretas, trabalhei como funcionária em uma instituição religiosa e ali pude ver muito de perto o reflexo da sociedade democrática brasileira e o que mais me chamava a atenção era como os adeptos da oposição e militantes partidários no processo eleitoral brasileiro levavam os mesmos “ideais” para o sistema religioso. E por muitas e muitas vezes vi a politicagem dos bastidores, vi a manipulação dos eleitores, e vi com muita tristeza a “oposição” deixar de apoiar uma ideia, não porque a ideia não era boa para o povo, mas porque a ideia vencedora não havia sido a ideia do grupo de oposição, e eles, mimadinhos, ficavam emburradinhos e não ajudavam a colocar o projeto vencedor em prática, e pior, às vezes boicotavam, atrapalhavam, engessavam a engrenagem e atrasavam todo o processo. Entendi que esse era o modelo da oposição no Brasil, é como se pudesse ouvi-los dizer: “Se não é a minha ideia, sou contra, e pronto, não interessa se é para o bem do povo, se não sou eu que estou no poder, sou contra a tudo”. Desde então passei a ter horror a essa oposição, tanto no sistema eleitoral brasileiro, quanto no sistema religioso.

Do sistema religioso eu me livrei, quando decidi seguir carreira solo na espiritualidade, ou melhor, carreira em duo, eu e meu marido, e abandonei o sistema e me libertei daquele ambiente doentio.

Do sistema DEMOcrático brasileiro não tenho como livrar, porque sou obrigada a votar, ou melhor, sou obrigada a comparecer ou justificar, mas não sou obrigada a dar meu voto para ninguém, por isso faço meu protesto há muitos anos, desde minha segunda ou terceira eleição, com algumas recaídas no meio do caminho, mas na maioria sempre anulando meu voto, e a partir da próxima eleição nem vou me dar o trabalho de sair de casa e correr o risco de usarem meu voto nulo para algum candidato – lógico, não confio no sistema. Mas muitos dos revolucionários do movimento atual já me olharam atravessado quando dizia que anulava meu voto, já fui bem criticada por isso.

Anulo mesmo, e agora nem vou votar, porque para mim tanto faz quem está no poder, não confio em partidos, nem em um salvador da Pátria, e acredito, e tenho visto isto desde que me entendo por gente, que a máquina funciona independente de quem está no poder, e não tenho a ilusão de que trocar o presidente vai mudar de fato a Nação, só vai trocar seis por meia dúzia, é o que eu sempre digo sobre trocar de banco, só mudam os nomes dos problemas, porque não há banco perfeito, como não há partido político nem presidente perfeito.

Mas afinal, por que sou contra? Meu primeiro motivo de ser contra as manifestações é a hipocrisia do povo, afinal, brasileiro reclama de quê? Não entendo o povo brasileiro que ainda se acha no direito de reclamar da corrupção dos governos. O povo não tem moral para reclamar de nada. A mudança que esperamos é a mudança da sociedade, e os políticos são apenas o reflexo da sociedade. Se a maioria da sociedade é corrupta, o reflexo vai ser a maioria dos políticos corruptos, lógico. A sociedade não é fiel no pouco, mas quer exigir que os políticos sejam fiéis no muito. Como dizem nas redes sociais: hipocrisia é a arte de exigir de alguém aquilo que não faz.

Sou contra porque já vi esse filme e sei que não vai mudar nada. Sim, eu sei que os outros motivos de indignação do povo são legítimos, sei que deveríamos mesmo lutar pelos nossos direitos, pagamos muito imposto para não termos o retorno devido. Sei que os serviços prestados à população são precários e deficientes. Sei o quanto somos destratados pela maioria dos servidores públicos. Sei o que é ver meu pai dormindo em uma maca de metal duro e gelado sem colchão em um hospital e ter que levar colchão de casa para a enfermaria. Reconheço que o povo brasileiro está mesmo sendo explorado e maltratado.

Mas não acredito que vamos conseguir mudar alguma coisa dessa forma, fazendo manifestações públicas, colocando nossos jovens em risco, incitando o ódio na população. Para mim isso tudo só serve para mitigar a inveja que o brasileiro tem dos outros países e a inveja que os jovens têm dos revolucionários do passado.

E sou contra por acreditar na teoria da conspiração. Acredito que isso tudo foi orquestrado por “eles”, e que “eles” agora estão rindo de satisfação porque o povo está fazendo exatamente o que “eles” queriam, o que “eles” orquestraram

Pense comigo, não é muito suspeito que todo mundo sabe que todo ano acontece aumento de tarifas dos ônibus, e o aumento, pelo menos no Rio de Janeiro, sempre acontece em janeiro, mas neste ano, por “coincidência” foi adiado para bem perto da Copa das Confederações, quando a mídia internacional estaria de olho no Brasil?

Também é muito suspeito que a população esteja indignada com aumento de tarifas dos ônibus, porque afinal quem de fato paga passagem no Brasil? Pelo menos no Rio de Janeiro pouquíssimos pagam, porque idosos e estudantes viajam de graça, trabalhadores recebem vale transporte, universitário paga meia passagem. Muitas vezes sou uma das únicas a pagar passagem em dinheiro quando uso transporte público. Então estão querendo mesmo que eu acredite que o protesto começou somente por causa do aumento das tarifas? Sei que agora estão querendo valorizar o movimento e estão colocando todos os outros motivos de insatisfação do povo no pacote, mas o início de tudo foi por causa das tarifas de ônibus, e não pelos outros motivos.

Outra coisa muito suspeita é o complô contra a Rede Globo. Não estou defendendo a emissora, mas acho muito estranho esse ataque. Só porque ela tem a maior audiência? Seria porque quase todos os programas da Globo emplacam nos TTs do Twitter? Seria inveja e intriga das outras emissoras? Ou é porque ela tem um linguajar mais educado, menos vulgar, menos baixaria, pelo menos nos telejornais? Desconfio que o povo prefira os apresentadores sensacionalistas porque são mais engraçados. A quem interessa de fato esse complô contra a Globo? Isso não tem cheiro de cópia de um país vizinho com um canal de TV que criticava o governo?

Não é defesa, mas eu assisto aos telejornais da Rede Globo. São os melhores. Cansei das outras emissoras, antes eu assistia a todas, mas era tanto sensacionalismo, tanta falta de qualidade, que cansei e fiquei só com os da Globo. O Jornal Hoje é o melhor telejornal da TV, além das reportagens sobre os acontecimentos atuais, tem sempre um assunto educativo. E quando estou assistindo aos telejornais, às vezes posso ouvir alguns adolescentes e jovens falando: “Ah, jornal é muito chato”. Pois é, o povo nem assiste aos telejornais, mas fica reclamando que a emissora é tendenciosa. E eu posso dizer que isso ela não é. Tenho visto diariamente os âncoras e repórteres denunciando a corrupção dos governos, o mau uso da verba pública, a enorme quantidade de impostos. Às vezes até acho que pegam pesado. Só que eles usam um linguajar menos vulgar para fazer as denúncias e o povo pensa que não houve denúncias. Talvez seja exatamente por isso que estão incitando esse complô, porque os governos estão insatisfeitos com as denúncias diárias veiculadas na emissora. Como boa adepta da teoria, para mim tem caroço nesse angu, ah tem.

Uma parte tragicômica do movimento são os cartazes pedindo “educação” no padrão Fifa. Para começar, educação vem de berço. Mas, ok, sei que o que eles pedem são escolas e ensino de qualidade, então seria instrução no padrão Fifa. Isso vindo de muitos adolescentes e jovens que só vão à escola porque são obrigados, não gostam de ler, ficam postando nas redes sociais o anseio pelas férias desde o primeiro dia de aula, reclamam o tempo todo de terem que estudar, e melhor nem falar dos erros de “digitação” que cometem falando e escrevendo. E querem me enganar que iriam gostar de estudar se as escolas fossem melhores? Mas a maior ironia é que alunos de boas escolas particulares reclamam das mesmas coisas e cometem os mesmos erros de “digitação”.

Quando eu pedia para o povo pensar, questionar, libertar-se do sistema, minha esperança era que houvesse um despertar intelectual e de mudança de atitude. Queria um povo que buscasse a instrução, independente do que a escola ofereça, queria um povo que protestasse na hora de votar, que houvesse uma anulação de votos em massa nas urnas, que fosse uma resposta mais racional, que o povo não seguisse as ordens “deles” como cordeirinhos, como acontece nas datas comemorativas de cunho comercial, como Dia das Mães, Natal, quando as pessoas compram como se não houvesse amanhã. Compram, compram e compram, e com isso alimentam o consumismo insano e o capitalismo selvagem. E ainda contribuem com mais impostos para os governos.

Queria que houvesse um boicote aos programas de baixaria na TV, um boicote aos jogos de futebol, tanto nos estádios como na TV, um boicote às lojas e serviços que tratam mal e desrespeitam o consumidor. Queria ver isso, um protesto intelectual, e não uma manifestação com gritos de guerra, mas que só servem para extravasar e não provocam reflexão nem mudança de verdade.

Queria que toda essa energia fosse canalizada para a leitura, para o estudo, para a informação, para a busca do conhecimento, e não para debates e discussões que não levam a lugar algum.

O pior disso tudo é que no próximo ano haverá eleições, e já sabemos que vão ser eleitos os candidatos que as pesquisas apontarem como favoritos, porque o povo tem a tendência de votar em quem está ganhando, até para não ter a “chatice” do segundo turno.

Mas enfim, vamos esperar para ver o resultado disso tudo. Eu não acredito em mudança se não houver uma mudança da mentalidade do cidadão, deixando o jeitinho brasileiro de lado, e buscando a integridade e honestidade nas pequenas coisas. A mudança tem que começar em nós, na família, na educação, principalmente boas maneiras, que deve vir de berço e não do governo.

Tenho plena convicção de que procuro fazer a minha parte [P.S.3: E pago um preço alto por isso, porque só quem tenta fazer as coisas certas sabe o que é sofrer com bullying dos amigos, dos familiares e dos religiosos (é, deles também, e muito). Desde criança sou alvo de zombarias porque sou a "certinha", a "santinha" (já me mandaram pro convento diversas vezes na adolescência), a "metida", a "chata", e pelas costas devem falar a "otária" e outros adjetivos que nem ouso pensar. E isso por causa de coisas simples que eu me recusava a fazer, como fotocopiar um livro inteiro, atravessar fora da faixa de pedestres].

Mas não acredito em Papai Noel, não acredito em salvador da Pátria e não acredito em hipócritas que vão para as ruas exigir o que não fazem.

Termino com duas músicas bem apropriadas para este momento:



"Bento, que bento é o frade?
Frade!
Na boca do forno?
Forno!
Tudo que seu mestre mandar?
Faremos todos!
Se não fizeres?
Levaremos bolo!"



♫♫"Não vai dar, assim não vai dar
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar?
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar" ♫♫

P.S.1: Os oportunistas de plantão:
Reclamam da mídia, mas postam no Facebook fotos antigas, notícias antigas e vídeos antigos, como se fossem do movimento atual. Tem gente que compartilhou notícia e nem deve ter lido, porque não viu a data da notícia (devia pelo menos ter perguntado o que o TRE tem a ver com tudo isso agora).
Religiosos tomam para si a glória (eu diria culpa) do movimento, como sendo resultado de suas orações. Ah, tá, foi isso o que eles pediram nas orações? E a ética vai mal, obrigada. Arrependimento que é bom, nada. E onde ficam o "não por força, nem por violência" e o "não é contra carne ou sangue"?
E o vídeo da brasileira que não mora no Brasil tem erros de apuração, dados falsos e tendenciosos.
E o que foi aquela conta que um ex-prefeito fez sobre o gasto de uma família com passagens de ônibus? Se 4 saem todo dia, ou 4 trabalham, aí 4 têm salário, ou 2 trabalham e 2 estudam, aí 2 têm salário e 2 não pagam passagem.
E o movimento está revelando o que alguns religiosos têm no coração, afinal "o dedo digita do que está cheio o coração". Palavras cheias de ódio, palavrões (ah, tá, abreviados), xingamentos, ofensas.
E o povo prossegue compartilhando coisas sem o menor senso crítico.
Vergonha alheia.

P.S.2: Dentro do sistema religioso acompanhei de perto e de longe alguns casos de impeachment (e sinto muita vergonha do meu passado). Quando o líder principal começava a desagradar aos "donos" da instituição, iniciava-se um motim que ia crescendo feito bola de neve e culminava com a expulsão do líder. E então começava o processo de escolha do novo líder, indicações, entrevistas, sabatinas, e enfim o novo líder era escolhido pela comunidade. No início só havia flores, mas depois do primeiro ano o motim começava de novo, às vezes terminava em um novo impeachment, às vezes a comunidade cansava e se resignava, apesar da insatisfação. Ou seja, era exatamente como na política, uma grande ilusão de que o líder vai salvar a Pátria e vai mudar o mundo, só que esse líder precisa agradar a gregos e troianos, e como isso nunca vai acontecer, continuam acreditando que o próximo vai ser melhor. E o pior é ouvir sempre a mesma coisa, tanto no sistema político quanto no sistema religioso: "Ah, no tempo de fulano era bem melhor".

P.S.3: Quando falei sobre a hipocrisia, realmente não citei a hipocrisia dos religiosos, porque já escrevi vários textos sobre isso. Mas sim, estão incluídos no meu questionamento os religiosos que não obedecem à Torah e se acham no direito de reclamar dos políticos e dos governos. Tanto a sociedade que não obedece às leis mais simples, como por exemplo as leis de trânsito, como os religiosos que não guardam o sábado e comem porco, todos são hipócritas por quererem exigir dos governos uma coisa que eles não fazem. Quem quiser ler um texto que resume o que venho falando sobre a hipocrisia dos religiosos, clique aqui.

P.S.4: Eu sei que muitos condenam o voto nulo, argumentam que é omissão, que não é um processo democrático etc. Mas eu penso que é uma forma de protesto, sem causar tumulto na cidade, sem roubar o direito de ir e vir das pessoas, sem violência. Em todas as eleições eu mando o meu recado de insatisfação e meu grito por mudança. Nas últimas eleições no Brasil houve um número muito grande de votos nulos e de ausências. A população está dando um recado aos governantes e eles deveriam começar a prestar atenção a isso. Prefiro a minha forma de protesto.
E para quem pergunta o que nós fazemos pela sociedade, o que eu faço de caridade não interessa a ninguém, não faço para me promover. E a minha maior contribuição à sociedade é obedecer às leis, não jogar lixo nas ruas, ter hábitos ambientalmente corretos, respeitar o direito do outro, pagar meus impostos. Se eu fiscalizo governos? Lógico que não. Não ganho para ser fiscal de ninguém. Para isso existem os órgãos fiscalizadores. Eu faço a minha parte pagando meus impostos, e espero que os governos façam a parte deles, usando o dinheiro com honestidade. E eu não preciso de ninguém me vigiando para fazer a minha parte. Mas se não vejo o retorno dos meus impostos, meu voto é que eles não vão ter.

E continua em
Avaliação pós-euforia das manifestações: continuo sendo contra

domingo, 8 de março de 2015

As indústrias assassinas interligadas


Adolescentes acima do peso


'Alimentos'? Deveria ser crime fabricar, vender e consumir