Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Histórias de infância: sou medrosa

Vivo adiando começar uma série de histórias da minha infância, mas hoje me lembrei de uma e finalmente pelo menos uma dessas histórias vai pro papel, ou melhor, pro blog.

Sou muito medrosa, sempre fui, desde criança. Nem vou comentar o que passei por causa da história da loira no banheiro das escolas e como eu fugia de filmes de terror. São tantas situações, mas tem uma história de medo que continua comigo até hoje.

Tenho pavor de chegar em casa à noite sozinha. Sempre tive e continuo tendo. Se isso acontece, chego em casa e começo o meu ritual básico: vou em todos os cômodos, acendo as lâmpadas e olho em todos os cantinhos, to-dos mesmo, embaixo das camas, dentro do box do banheiro (trauma de filme que nem vi, rsrsrs), e só depois de fazer tudo isso é que fico mais tranquila em casa.

Não sei se aprendi o ritual com ele, ou se eu já era assim antes, mas um parente estudava em outra cidade e morava na casa dos meus pais nos finais de semana (aliás, vários parentes moraram na casa dos meus pais quando eu era criança e adolescente, sempre havia um agregado em casa, e a criançada gostava muito disso, era uma farra). Geralmente ele chegava na nossa casa na sexta-feira à noite, e nesse dia às vezes a minha família ia à igreja. E em frente à nossa casa havia um pequeno centro de candomblé e o serviço também era às sextas-feiras à noite e da nossa casa ouvíamos bem nitidamente todas as músicas que eles cantavam até de madrugada, e nós, as crianças e ele, ficávamos com medo. Então, muitas e muitas vezes chegávamos da igreja e antes de chegar em casa já sabíamos que ele estava lá, porque de longe víamos todas, to-das as lâmpadas de casa acesas. Como criança não perde uma chance, da rua já começávamos a zoação com ele, as risadas começavam antes de chegar em casa e aquele era o assunto do resto da noite.

E hoje, sempre que passo por situação parecida, quando começo a acender as lâmpadas de todos os cômodos da casa, minha mente sempre retorna àqueles momentos engraçados de infância. Quer dizer, para mim não tem nada de engraçado, porque continuo sendo medrosa com isso, rsrsrs.

Sim, estou muito decepcionada

O P.S. de Não fiquei magoadinha virou post.

Meu pai dizia uma frase muito sábia sobre alguns religiosos: "Quando sobe no púlpito não devia descer, quando desce não devia subir." Continuo afirmando que NÃO saí do sistema religioso porque fiquei magoadinha com as pessoas dentro do sistema e explico tudo lá no texto, e é verdade mesmo, não foi por decepção com as pessoas, mas saí para buscar a verdade e por rejeitar a mentira que a religião prega. Mas houve, sim, uma decepção com os religiosos, só que foi quando eles desciam de seus "púlpitos", fora do ambiente religioso, quando eles eram apenas participantes da sociedade, como empresários, chefes, amigos e familiares. Dentro de seus redutos religiosos esses líderes passam uma imagem de corretos, de íntegros, de sábios, mas fora do sistema, quando são apenas pessoas "comuns", e só quem convive de perto conhece esse lado deles, aí tudo muda. Chefe que inventou motivo para me demitir. Chefe que não falava nem um "bom dia" quando chegava e ainda batia a porta na minha cara, porque a minha mesa ficava virada para a porta da sala dele. Familiares que fizeram fofoca e mentiram sobre mim, e outros que acreditaram nessas mentiras sem nunca terem me procurado para ouvir o meu lado, e prejudicaram de uma forma cruel uma pessoa indefesa e jamais vão poder restituir o que foi roubado dela. E agora, com a morte do meu pai, a atitude de muitos familiares é decepcionante. Os religiosos da minha família foram a maior decepção da minha vida, não como líderes religiosos, mas como parentes.

Muito cansada de ódio, repulsa e defensiva gratuitos. Gratuitos, sim, porque pergunto qual o meu crime e ninguém consegue de me dizer algo concreto. A pessoa não convive comigo, não conversa comigo, não lê o que eu escrevo e se acha capaz de me julgar, condenar e dizer que estou errada. Resultado: se não RESPEITA minhas escolhas, vou me afastar ainda mais, quero mais distância.

Cada um escolhe o meio de comunicação que mais gosta. Prefiro o meio escrito, além de ser mais claro para o entendimento, porque pode-se reler, se houver dúvida, também é um documento. Palavras voam, e se não forem gravadas vai ficar difícil provar quem disse o quê, vai ser uma palavra contra a outra e estou muito cansada de deturparem o que eu digo. E como tenho sido objeto de muita fofoca e mentira, então para certos assuntos e esclarecimentos, se alguém quiser mesmo conversar comigo e OUVIR OS DOIS LADOS, não será por telefone. Não adianta tentar me ligar, porque não vou falar pelo telefone com ninguém sobre as fofocas com meu nome. Só converso por e-mail, ou carta, ou bate-papo do Facebook, ou seja, com tudo documentado. Até posso conversar pessoalmente, olho no olho como gostam de dizer, mas só se for com presença de testemunhas inteligentes e com a conversa devidamente gravada em vídeo. Gato escaldado tem medo de água fria. [Para quem não leu antes, isso não é novo, é um pedaço do texto publicado no meu blog em março de 2012.]

O mundo tá ficando tão sem graça. Você tenta resolver um problema de anos com a pessoa, em que houve muita fofoca e mentira no meio, aí você diz que está decepcionado com isso e isso e isso que a pessoa fez, e pergunta o que você fez para essa pessoa e que resultou em tanto ódio.
Acredito que numa situação assim você espera duas possíveis respostas, em que a pessoa mostraria maturidade e seria superior:
1 - Ou diria que você também a feriu assim, assim e assim, e diria tudo que você fez de mal para ela, e poderia até dizer que não quer mais assunto com você;
2 - Ou diria que sente muito, que está disposta a conversar para colocar tudo sobre a mesa, esclarecer, resolver tudo, pôr uma pedra em cima, passar uma borracha.
Mas aí a pessoa responde: "Chata, boba, feia, carente, maluca, toma diazepam, incoerente, radical, certinha, metida, encrenqueira, herege, fanática, problemática..." E não responde nada concreto, não usa argumentos sólidos, não consegue dizer um nada que você tenha feito de tão grave para ela. Assim fica muito difícil.

E aí converso com uma dessas pessoas em PRIVADO, e outra pessoa toma as dores e se veste de defensor dos oprimidos pela cruela eu, e vem me questionar e me acusar de estar difamando o caráter daquela pessoa em PÚBLICO no Facebook (hã, como assim? a conversa foi privada, dã!), e pelo tom do questionamento a terceira pessoa não leu a conversa com a primeira, ou se leu, assinou atestado de analfabeto funcional, porque não entendeu nada. Por isso não converso sem gravar. Eu, heim! Vão se tratar. DE-SIS-TO.

E só acho que, assim como abrir correspondência alheia é crime, ler conversa privada no Facebook alheio também deve ser crime. E responder no lugar de outra pessoa e se fazer passar por ela, enganando o outro, deve ser outro crime, de falsidade ideológica. Só acho. E estou muito desconfiada de que fizeram isso com o perfil de uma pessoa com quem "conversei", estou achando que quem respondeu não foi a dona do perfil.


Leia também
Última palavra sobre as mentiras com meu nome

domingo, 24 de novembro de 2013

Dica de leitura: Mas como sei que estou no caminho certo?

Mas como sei que estou no caminho certo?
A certeza de estar no caminho certo não tem preço. E a sensação de que "tem alguma coisa errada" ou não pode ser só isso" de-sa-pa-re-ceu completamente.
Primeiro, porque já passei por isso uma vez e conheço os sinais. Sei que não inventei nada disso. Sei que o Eterno me ensina, eu obedeço e depois recebo confirmação de tudo. Ele sempre confirma.
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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Meu pai não estava doente, só estava idoso. Ele não morreu, foi assassinado

"Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: por certo que já estou morto." Augusto Branco


Acordo no dia seguinte com um forte sentimento de indignação e impotência pela injustiça e impunidade deste país sem lei. A pergunta é: a quem devo processar, o hospital, o Estado do Espírito Santo, o Ministério da Saúde? Ou melhor, adianta processar? Vai mudar alguma coisa neste país injusto e idiota ou será só mais um processo dentre tantos milhares que já existem?

Meu pai estava idoso, sim, tentávamos nos preparar para sua partida, porque a morte faz parte da vida. Mas ele não teve direito a uma morte digna e era só isso que eu pedia. Meu pai não estava doente, só estava idoso. Ele não morreu, foi assassinado, foi vítima da incompetência, abuso de poder e ganância do sistema de saúde neste país sem lei.

Meu pai caiu, fraturou o fêmur e foi internado, e ficou esperando por uma cirurgia que nunca houve e nem haveria, porque era nítida a enrolação de todos os ortopedistas, ninguém queria operá-lo. Mas não nos informaram nada disso. E o descaso e incompetência dos médicos o levaram a uma pneumonia e derrame pleural e ele foi morrendo um pouco a cada dia.

Não nos deram opções, não nos deram alternativas, e quando alguém cogitou a possibilidade de levá-lo para casa sem ter feito cirurgia, o sistema e lavagem cerebral venceram e ele foi mantido naquele lugar de tortura e não de cura.

E ainda foi vítima do abuso de poder de uma administração burra, todos formados na idiocracia, porque seus direitos garantidos por lei não foram respeitados. O que dizer de um administrador que decreta uma norma impossível de ser cumprida? Um completo idiota.

Foram tantos os problemas e abusos, ainda vou sentar e fazer um diário completo de tudo o que passamos dentro daquele inferno de hospital, nas mãos de "profissionais" robotizados, idiotas e desumanos. Exames que não foram feitos, sangue que prescreveram e que nunca chegou, remédios que não chegavam no horário e enfermeiras que me chamaram de mentirosa quando ia reclamar do remédio que não veio e que deveria ter vindo há três horas. Fisioterapeuta que "apareceu" uma semana depois de internação, por conta própria, porque ela saiu procurando idosos na ortopedia e "encontrou" o meu pai, mas quando ela vinha só ficava cinco minutos e isso não acontecia todos os dias. P.S.: E a fisioterapeuta mandou colocar um colchão d'água para ele, mas o colchão veio com defeito e ficou vazando água a noite inteira e a pessoa que estava de acompanhante à noite não encontrou enfermeiros no setor para pedir ajuda, e ainda foi acusada de mentir. E de manhã, quando cheguei, tive que pedir três vezes para tirarem o colchão, porque meu pai havia passado a noite toda com as costas na cama molhada, e só fui atendida na terceira vez, três horas depois que cheguei, porque fiz barraco. Médicos que não liam o prontuário, chegavam para a visita perguntando o que houve e o acompanhante tinha que contar toda a história de novo, e na visita seguinte o mesmo médico ainda não sabia que meu pai havia fraturado o fêmur e perguntava o que houve. Médico que não lembrava do que falara na visita anterior, dizia que iam mudar um medicamento, mas não anotava, e depois na prescrição a enfermeira diz que ele retirou dois medicamentos, mas para mim ele disse que seria apenas um. Na outra visita ele não comenta nada sobre isso e depois a enfermeira traz um dos medicamentos que havia sido retirado. Uma bagunça. Esses são só alguns exemplos, as histórias são tantas, dariam quase um livro.

Não, não faltavam médicos ou enfermeiros, bastava chegar no posto de enfermagem na hora das novelas para encontrar três ou cinco enfermeiros olhando fixamente para a TV, concentrados no enredo. Não faltava material, aliás, havia material sobrando e o que vi ali dentro nos 17 dias que fiquei de acompanhante foi um grande desperdício do dinheiro dos nossos impostos.

Eu briguei, esperneei, reclamei com o diretor do hospital, mas nada adiantou, nada. Passei a ser odiada por todos de tanto que eu briguei pelos direitos do meu pai. Cansada, fragilizada, quase surtando, antes que voasse no pescoço de uma enfermeira, vim embora, não suportava mais aquilo tudo, fui além das minhas forças e ainda fui criticada por brigar por dignidade para um ser humano.

Eu sei que esses não são problemas somente daquele hospital, já relatei sobre a violência em hospitais aqui. Mas esse foi o último hospital e um dos piores, com certeza.

Perder meu pai não foi o problema, apenas a morte faz parte da vida, como disse a mãe de Forrest Gump. Lógico que sempre ficaremos tristes e teremos luto, mas o tempo vai diminuindo essa dor. O problema é me sentir violentada e não ter a quem recorrer, não ter com quem reclamar, não ter alguém que lute pelos nossos direitos garantidos por lei neste país sem lei, é estar indignada e me sentir impotente.

Por enquanto só me resta repetir o que escrevi no Facebook quando ainda estava "internada" com meu pai no hospital assassino: "Novamente enfrentando violência no sistema de saúde com meu pai internado com fratura de fêmur e odeio cada dia mais médicos e enfermeiros, e odeio mais ainda administradores de hospital com suas normas burras e absurdas, ou seja, odeio os "cerumanos" (Perdão aos pouquíssimos seres humanos da área)." E repetir também que "pelo menos no corredor da morte o condenado tem direito de escolher a última refeição."

E agora ainda tenho que conviver com a culpa por não ter enfrentado o mundo todo e ter dado ao meu pai um final digno, comendo angu e jiló, cercado por seus familiares. Vou ter que aprender a conviver com isso. Cuidei dele por tanto tempo e no final, vacilei feio.


Extraído de "Asterix entre os pictos"

P.S.: Comentários do Facebook
Eu, heim, gente, todo mundo vivendo o mesmo drama???? Epidemia????? Que levante a mão quem não sofreu violência. Vamos mover uma ação coletiva???????????? Ou vamos embora desta porcaria de país????????? Eu estou mais na segunda opção. Vejam os comentários postados no meu perfil do Facebook:

"Disse tudo, o que você passou, infelizmente continuo enfrentando com meu avô. O descaso é claro, pergunto algo ao médico e ao invés de me responder, ele ri. Eu não aguento mais isso."

"Eu concordo com você, aconteceu com meu pai, tinha dinheiro suficiente para ficar nos melhores hospitais, mas a ganância de um certo irmão abreviou a morte dele. E isso me consome até hoje. Então, "ele" colocou meu pai num hospital carniceiro depois que ele sofreu uma queda, tiramos de lá mas com uma escara terrível nas costas e mesmo colocando num hospital melhorzinho já era tarde demais."

"Entendo sua indignação. Passei o mesmo com os meus avós no hospital assassino!!!! Tenho o mesmo questionamento: a quem processar ????"

"Há 2 anos perdi minha mãe nesse sistema ridículo, por um erro médico, não viram que minha mãe estava com trombose e demorou um mês pra ser transferida e quando foi não adiantava mais nada a não ser amputar a perna. Depois ficou no descaso da saúde pública, sofreu duas semanas, não suportou, e Deus levou. Lembro muito bem como se fosse hoje ela falando que não queria mais ficar neste mundo. Os assassinos do hospital Salgado Filho estão lá trabalhando, revindicando salários, aff, cansa. Isso cansa mesmo. Meus sentimentos, que sei como é isso. O Brasil de poderes."

"Eu também perdi minha irmã por descuido médico. Choque anafilático durante uma tomografia. Eu sei o que você está sentindo."

"Revoltante! Passamos por dias e situações muito difíceis com o nosso filho mais velho por duas vezes internado em um hospital particular. Me senti tão revoltada e impotente quanto você. Até comida estragada eles nos serviram... A auxiliar de cozinha fazia ânsia de vômito enquanto preparava os pratos. Os curativos do meu filho ficaram no chão ao lado do leito da UTI por 3 dias!!!! As refeições não chegavam no horário, muito menos os antibióticos. Fotografamos algumas coisas, procuramos um advogado que de cara classificou nosso caso como "perdido". Guardei tudo numa pasta, chorei muuuuuuuuito e não quis mais falar sobre o assunto. Falar sobre isso me adoece!"

"Eu entendo bem o que você passou, aqui também tem um pouquinho isto, mas não quando eles veem que o idoso tem alguém. Não se culpe, você não tem culpa. Eu entendo o que você está passando, eu muitas vezes aqui tenho que lutar contra moinhos, que nem D Quixote, cuido de minha mãe sozinha, e D`us. Às vezes acho que vou sucumbir, mas D`us me dá forcas, pra lutar contra tudo e contra todos... Só Ele sabe o que passamos e não é fácil. Volta e meia adoeço por conta disto. Por sentir esta impotência, daí eu choro no travesseiro e entrego a D`us, e o que me resta é confiar nEle. Todos os dias mato um leão... Já salvei minha mãe da morte várias vezes... Eu também quero que quando ela partir, parta com dignidade. Eu Te entendo e entendo sua revolta. Oremos pra D`us te dar o consolo amada. Beijos."

"Triste, muito triste! NÃO QUERO perder NUNCA a sensibilidade e a capacidade de indignar-me ante relatos como estes.... Não se culpe amiga, todos temos um limite e o seu foi a uma exaustão diante de tanto descaso! Faça de sua indignação uma voz aos "mudos"! Denuncie, sim! Pois uma transformação para o bem, que aconteça , por menor que pareça, pode livrar alguns de violências tão cruéis. Beijos."

"Não adianta tanto avanço tecnológico se o ser humano não é valorizado. Infelizmente problemas como esse ocorrem no SUS e também no particular, e além de enfrentarmos o desgaste da doença, temos o desgaste da luta por um tratamento digno para nossos familiares. Isso tem que mudar...Vocês fizeram o possível, o sistema é que é falho. Deus de força a toda família."


P.S.2: "Meu nome é Maximus Decimus Meridius, comandante dos exércitos do norte, general das Legiões Felix... servo leal do verdadeiro Imperador, Marcus Aurelius. Pai de um filho assassinado, marido de uma esposa assassinada. E terei minha vingança, nesta vida ou na próxima."

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Gláucia, Wendell e Alexandre

Há 13 anos e dez meses recebemos e assumimos uma missão, cuidar do Joaquim. Missão dada, missão cumprida. E quero aqui agradecer a vocês três, Gláucia, minha irmã caçula, "Engli" (Wendell), marido dela, e Alexandre, meu marido. Muito obrigada por tudo que fizeram pelo Joaquim.

Eu e Gláucia assumimos a tarefa de cuidar de um pai já idoso, com vários problemas de saúde, e desde então dividimos tudo, as alegrias e tristezas, as piadas e os sustos. E minha irmã caçula é uma guerreira. Estivemos juntas nas salas de espera das cirurgias de catarata do velho e da cirurgia para colocar prótese no joelho. E mesmo nas outras duas cirurgias por causa da fratura do fêmur, estivemos juntas em pensamento, porque Gláucia estava recebendo Thalles, que nasceu bem nessa época. Estivemos juntas quando ele sofreu um AVC. E estivemos juntas agora, em mais um hospital, em mais uma fratura de fêmur, que não chegou a acontecer a cirurgia, mas foram 22 dias de internação e sofrimento para ele e para nós, até que Joaquim descansou com seus antepassados.

E ainda estivemos juntas, não fisicamente, mas em comum acordo e apoio, apoiadas pelos maridos, no resgate que precisamos fazer do Joaquim em uma situação delicada e complicada, muito complicada.

"Engli" (como Joaquim o chamava) e Alexandre foram mais que dois filhos para o velho, cuidaram dele melhor do que muitos filhos por aí. Sempre nos apoiando, nunca reclamaram, nunca mediram esforços ou recursos para que tentássemos dar ao Joaquim conforto e cuidado. E em todos esses anos nunca houve um desentendimento sequer sobre dinheiro, nem sobre nada que se relacionava ao Joaquim. O velho confiava nos genros, uma vez Joaquim fez uma viagem longa com outra pessoa e quando chegou ele disse que até para dirigir Alexandre e "Engli" eram mais tranquilos. E realmente tinham toda paciência do mundo e sempre faziam mais paradas nas viagens por causa do velho, mesmo que a viagem ficasse bem mais demorada.

Quando nós ou eles precisávamos procurar casa para morar, nossa exigência aos corretores sempre foi: não pode ter escadas, temos um idoso. Até para escolher carro pensávamos nele, então quatro portas não era luxo, era necessidade.

Nunca faltava em nossas casas a banana, a água tônica, o iogurte e a bala para Joaquim. Em nossas viagens juntos sempre rebocávamos o velho, Angra, Guarapari, ele sempre estava lá nas nossas fotos.

Acho que somos conhecidas pelos nossos amigos como as rebocadoras do velho, porque em muitas festinhas e eventos, lá estávamos nós com ele segurando nosso ombro e andando bem devagar.

Claro que falhamos em muitas coisas com o velho, mas temos a consciência tranquila de termos tentado fazer o melhor para ele.

Por tudo isso e muito mais, quero agradecer a vocês três. E sei que não há nada que eu faça que possa recompensá-los por tudo isso. Então só posso dizer: muito obrigada. Sei que Joaquim também diria isso.

E como ele também dizia sempre que fazíamos uma comida que ele gostava: podem continuar fazendo.

E que Joaquim descanse em paz.

Joaquim Vitório

Joaquim de Assis Vitório
8/mar/1925 - 20/nov/2013

Em 20/nov/2013, aos 88 anos, Joaquim Vitório descansou com seus antepassados.
E que ele descanse em paz.

Ele dizia que se sonhasse que estava em um avião, sairia correndo. Mas no ano passado perguntei se queria ir de avião para a casa da Gláucia, depois de passar uns dias comigo no Rio. Ele aceitou sem reclamar. Ainda perguntei várias vezes se iria mesmo, se não faria escândalo no avião, e ele respondeu: "Claro que não vou fazer isso, eu sou homem". E realmente ele foi de avião e não deu o menor trabalho. E eis a foto para provar a sua coragem. E quando chegou em Vitória, ES, falou: "Muito rápido". E então passou a reclamar do restante das cinco horas de viagem que só poderia ser de ônibus. Era muito figura!

Leia também: Meu pai não estava doente, só estava idoso. Ele não morreu, foi assassinado

sábado, 16 de novembro de 2013

Para julgar você precisa conhecer os dois lados da história


P.S.: Se você não viu, não estava na situação, deveria ter muito temor antes de julgar (inocentar ou condenar) e escolher um dos dois lados. Deveria ouvir TODOS os envolvidos, principais e testemunhas. E ainda deveria levar em consideração os antecedentes dos envolvidos, principalmente se você os conhece há muito tempo e sabe quem já mentiu antes (como diria o professor de Nárnia 1), sabe quem já "aprontou" outras vezes. Ou seja, não é simples inocentar ou condenar alguém.

Para julgar é preciso ouvir os dois lados:
"Perfil: Um juiz tem a função de definir questões relacionadas à vida, à liberdade e à escolha de cada indivíduo. 'Ele julga as pessoas. Por isso, é preciso manter a imparcialidade, OUVIR OS DOIS LADOS e não julgar com pré-conceitos', destaca Bacellar." (Fonte) [grifo meu]

E quando há pontos divergentes, deve-se fazer uma acareação:
"A acareação, também conhecida como acareamento, é uma técnica jurídica que consiste em se apurar a verdade no depoimento ou declaração das testemunhas e das partes, confrontando-as frente a frente e levantando os pontos divergentes, até que se chegue às alegações e afirmações verdadeiras.
A acareação é um procedimento onde acusados, testemunhas ou ofendidos, JÁ OUVIDOS, são colocados face a face para esclarecer divergências encontradas em suas declarações. A acareação pode ser requerida pelas partes ou determinada de ofício pelo juiz. Entretanto, a acareação não é uma etapa obrigatória do processo, sendo a sua concessão uma faculdade do juiz."
(Wikipedia) [grifo meu]