Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Avaliação pós-euforia das manifestações: continuo sendo contra

Tem P.S. no final.

Tenho acompanhado as repercussões na mídia e nas redes sociais e tenho lido diversas opiniões sobre a onda de manifestações populares pelo Brasil e continuo acreditando em teoria da conspiração, continuo condenando a hipocrisia da população, continuo sem esperança de que alguma coisa mude de fato, e continuo horrorizada com a falta de educação liberada tanto nas ruas quanto na internet, não consigo entender as ofensas cruéis e as piadas vulgares com os nomes dos políticos que ainda são seres humanos. Mas tenho algumas considerações e acréscimos com as novas informações e observações desde que expliquei por que sou contra as manifestações.

Enfim, os líderes das manifestações apareceram e assumiram a convocação dos protestos. Eu nunca tinha ouvido falar sobre “Juntos” ou MPL, que existe desde 2005, ou então cochilei no meio do filme e perdi alguma coisa. E eu nem sabia que havia um grupo que lutava por transportes públicos com tarifa zero, “gratuitos”, ou melhor, pagos pelos impostos que os governos recolhem. Não faço ideia de onde surgiu essa utopia de passe livre nos transportes públicos. Sempre entendi que o “público”, nesse caso, quer dizer para todos ou não-particular, e não público como sinônimo de gratuito. E fiquei pensando no perigo de uma ideia assim ser aprovada, porque seria mais um passo para a instalação oficial do socialismo no Brasil, o governo sendo dono de tudo e dando de “graça” tudo que o povo precisa, e então ninguém poderia mais reclamar da qualidade do transporte, já que seria “gratuito”. Já não bastam as bolsas-quase-tudo? Eu, heim, estou fora disso, eu quero é ter dinheiro para pagar a minha passagem nos transportes.

Se o MPL queria realmente apenas reclamar do aumento das tarifas, parece que o tiro saiu pela culatra. É bem provável, como estão dizendo, que todos os orquestradores do movimento tenham sido pegos de surpresa quando o povo roubou a cena e tomou os protestos para si e começou a reivindicar outras mudanças que não estavam na pauta do MPL. Acredito que a população aproveitou as manifestações por causa do aumento das tarifas de ônibus – e penso que a maioria não estava nem aí para esse assunto –, e foi para as ruas desengasgar tudo que estava entalado há anos. O MPL cutucou o vespeiro e não teve mais controle sobre as vespas. E o que vimos foram socialistas recalcados e violentos enrustidos saindo do armário, e uma população alimentada com anos de denúncias de corrupção nos governos liberando toda sua frustração por meio de gritos de guerra e infelizmente muitos atos de vandalismo. E pelo que tenho lido nas redes sociais, meu sentimento é de muitos que não depredaram estavam aprovando os depredadores, como torcedores de MMA, sedentos de sangue e se sentindo vingados. Uma grande desopilação coletiva.

Observei que as redes sociais foram para as ruas. As manifestações foram um reflexo do que acontece no mundo virtual, as mesmas frases, os mesmos gritos, as mesmas piadas, e até a mesma linguagem, como cartazes com hashtag. Só que no mundo virtual não há repressão policial, o povo fala o que quer, e fala mesmo, xinga, ofende, ataca agressivamente a pessoa e não o sistema, incita abertamente o ódio, o preconceito, há piadas de extremo mau gosto, vulgares. Fico estarrecida com o nível de “coragem” que as pessoas têm em ofender governantes e celebridades nas redes sociais, como se ninguém estivesse lendo. E atribuo essa coragem à impunidade, porque se fossem processados ou punidos, não haveria tantos corajosos assim. Mas quando levaram isso para o mundo real e quebraram patrimônio público real, aí foi outra história, é óbvio que haveria repressão policial.

E já que falei sobre os policiais, acredito que possa ter havido exagero, mas os policiais estavam fazendo o trabalho deles, e a polícia “despreparada” passou por tudo isso e apenas uma pessoa morreu supostamente em consequência da ação direta deles, em Belém, PA.

E já que falei dos mortos, estou até agora decepcionada com o descaso que vi com as vítimas dos protestos. Apenas um dos meus amigos do Facebook falou alguma coisa sobre o jovem que morreu em Ribeirão Preto, SP, e mesmo assim alguns dias depois. Ninguém mais falou nada, absolutamente nada. Postei três vezes o mesmo texto sobre os mortos – que até hoje eram dois, mas infelizmente mais duas pessoas morreram atropeladas hoje – e pouquíssimas pessoas curtiram as postagens. No Twitter muita gente falava sobre o assunto, mas no Facebook, era como se nada tivesse acontecido. Tenho visto muitos protestos quando matam um cachorro, mas quando duas (agora já são quatro) pessoas morrem, ninguém fala nada.

E já que falei das redes sociais de novo, as manifestações revelaram mais o perigo da internet, em que todos que quiserem podem manipular informações. Tenho visto cada absurdo sendo publicado nas redes sociais. Tanta gente com diploma que continua compartilhando informações falsas e deturpadas, apesar de alguns poucos tentarem em vão esclarecer. Uma pessoa publica uma lista com cinco itens, logo em seguida outro publica a mesma lista, só que acrescida do sexto item. As informações são compartilhadas sem o menor senso crítico, as pessoas acham engraçado, e compartilham. Vergonha alheia, vergonha da minha classe e vergonha dos religiosos.

Enfim, as manifestações e as redes sociais despertaram o que há de pior nas pessoas, como falta de educação, crueldade, violência, mentiras, falta de senso crítico. Fiquei decepcionada com pessoas que considerava sérias e esclarecidas, mas que deixaram o seu pior lado fluir nas redes sociais. E de novo eu pergunto: como têm coragem de reclamar dos políticos?

Tenho também que dizer que a culpa realmente é dos governos, porque não quiseram ver os sinais e subestimaram a ira da população. Se houve alguém dos governos orquestrando tudo isso e achou que seria apenas uma coisa pequena, aí cancelariam o aumento das tarifas e tudo voltaria a ser como antes, enganou-se redondamente. E tudo porque os governos se recusaram a ouvir a voz do povo, que sempre reclamou e reclama diariamente. A mídia dá voz ao povo, mas o governo preferiu não escutar. As redes sociais estão cheias de reclamações, denúncias, gritos de socorro todos os dias, mas os governos ignoraram tudo isso. E ignoraram também o recado nas últimas eleições, não deram importância ao enorme número de votos nulos e ausentes.

Tenho que concordar quando as pessoas gritam contra a ditadura, porque apesar do entendimento delas ser diferente do meu, para mim existe uma ditadura velada no Brasil, quando os governos resolvem decidir tudo sozinhos, quando eles demonstram ter medo de plebiscitos, não consultam o povo para nada, a não ser nas eleições. Ah, sim, houve “recentemente” o plebiscito sobre o armamento, mas foi um fato tão raro, e acho que não gostaram do resultado, porque nunca mais convocaram plebiscito para nada. E os governos ignoram os abaixo-assinados com milhões de assinaturas que o povo envia pedindo providências e se posicionando contra muitas ações e propostas dos políticos.

Os políticos deveriam também ter prestado atenção ao número alarmante de reclamações dos serviços privados, das empresas privadas, de produtos com defeito. O povo está cansado de ter seus direitos desrespeitados por empresas como as prestadoras de telefonia, as campeãs em reclamações. Deveriam ter prestado atenção nesses números. Eu acredito que a ira do povo descarregada nas manifestações foi também devido a esse grito sufocado há tanto tempo.

Sim, a culpa é também da Rede Globo, porque denuncia diariamente a corrupção, o dinheiro nas cuecas e nas meias, a falta de qualidade dos serviços de saúde, educação, transporte, fornecimento de água, coleta de esgoto, divulga o impostômetro.  Eu vejo isso todos os dias. Agora eu entendo o complô contra a Rede Globo. Querem calar as denúncias e promover um boicote para que a população não assista o canal e não receba esse tipo de informação. E o povo que assiste vai ficando a cada dia mais insatisfeito com a situação, fica sabendo que paga impostos tão altos e não têm o retorno nos serviços básicos. Se os governos tivessem prestado atenção direitinho, teriam visto que quando acontece um problema em um hospital ou posto de saúde, ou quando falta água etc etc a população telefona para a imprensa. Virou até uma ameaça: “Vou chamar a imprensa”. Eu já vi isso acontecer. Por isso querem calar a Rede Globo, porque é a que tem maior alcance, por ter a maior audiência.

Agora, se eu acredito que as coisas vão mudar? Não, ainda não acredito. Porque já disse e repito, os políticos saem do meio do povo, e se o povo não mudar de mentalidade, os futuros políticos vão ser o reflexo do jeitinho brasileiro da sociedade. Também não acredito em mudança porque já vi um filme parecido com esse. Na década de 1990 a população reclamava muito dos serviços públicos e privados de má qualidade. Então surgiram muitos cursos de qualidade no atendimento ao cliente, falava-se muito sobre isso na mídia, e até que houve uma pequena mudança, por uns poucos anos, mas logo tudo voltou a ser como era antes, quer dizer, ficou pior ainda do que era. Por quê? Porque o povo não teve a educação que vem de berço, porque as famílias deixaram a educação de base por conta das escolas.

E não acredito mesmo em mudança quando vejo que já elegeram um novo Salvador da Pátria, um novo Sassá Mutema. Realmente o povo não aprende. Continua acreditando que uma única pessoa vai salvar o Brasil. Mas isso que eles querem só poderia acontecer com uma ditadura ou reinado, porque no atual regime político o presidente não decide sozinho. Então, o povo quer uma ditadura democrática? Ah, tá, entendi.

Recomendo a leitura dos excelentes textos do Reinaldo Azevedo:
Por que eu digo “não” 1
Por que eu digo “não” 2
Por que eu digo “não” 3

P.S.: Um liberal que não se deixou seduzir pelo “povo na rua”: Ou: “Acordem enquanto é tempo!”
Rodrigo Constantino é economista. E é um liberal. É dos poucos que não cederam à tola tentação do “povo na rua”. Assistam ao vídeo. (Reinaldo Azevedo)

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