Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Proselitismo

Sem serem convidados aparecem em dupla ou em grupo de três. Não se apresentam, não falam seus nomes, nem a que instituição pertencem, alguns não falam nem bom dia. Entram e perguntam:

__ Podemos orar pelo seu paciente?
__ Não.
Mas oram assim mesmo. 

Então na próxima o papo já foi diferente:
__ Podemos orar pelo seu paciente?
__ Depende. Vão orar como? Porque se vão pela cura, então, como está aí na Bíblia de vocês, o doente tem que levantar na hora. Ele vai levantar?
__ Aí não depende nós, quem cura é Deus.
__ Mas na sua Bíblia quando oravam por enfermos a cura era automática. E nem me venha com a mentira de que depende da minha fé, porque vocês é que vieram oferecer oração, eu não pedi nada. Então, se vocês não garantem que o paciente vai levantar, então não precisam orar.
__ A senhora não quer que a gente ore?
__ Não.
__ Então, tá, vamos indo porque estamos com pressa e não podemos demorar muito em um quarto, temos outros para visitar.

E chega outro grupo:
__ Podemos orar pelo seu paciente?
__ Depende. Vocês guardam o sábado, não comem carne de porco, camarão...?
__ Hã, é.., não, mas Jesus aboliu... E onde está escrito sobre camarão, tá na Bíblia?
__ Não, isso é mentira, Jesus não aboliu nada. E camarão e outros animais impuros estão em Levítico 11. Mas me diz uma coisa, pode roubar? Pode cometer adultério? Etc etc? 
__ Não, claro que não.
__ Então, guardar o sábado está no mesmo capítulo.
__ Mas, mas, mas...
__ Pois é, e na Bíblia está escrito que as orações de quem não cumpre a Lei não são nem ouvidas. Então não adianta orar.
__ A senhora não quer que a gente ore?
__ Não.
__ A senhora está desafiando Deus - diz uma já chegando na porta do quarto.
__ Eu não, vocês é que estão desafiando por não quererem obedecer.

E em uma das vezes o doente que não ouviu o diálogo, mas percebeu que as pessoas foram embora, pergunta o que eles queriam. "Orar." "Só orar, só isso? Não perguntaram se eu precisava de alguma coisa, não ofereceram ajuda?" "Não." "Ah, orar qualquer um pode fazer, tinham que perguntar se eu precisava de ajuda." Lucidez em alto nível.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Devo coletar o sangue do cordão umbilical?


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Filosofia meme 2




terça-feira, 24 de dezembro de 2013

YHWH é único!

Publicado originalmente em 11/ago/2013

"Shemah Yisrael YHWH Eloheinu YHWH Echad!"
"Ouça, Israel, YHWH é nosso Pai, YHWH é único!" Dt6.4 (UM, ÚNICO)

"Não sigam outros deuses, os deuses dos povos ao redor." Dt6.14.
"Não terás outros deuses além de mim." Êx20.3

"Eu, eu mesmo, sou o Eterno, e além de mim não há salvador algum." Is43.11

"O Eterno será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só soberano e o seu nome será o único nome." Zc14.9 (UM SOBERANO, ÚNICO NOME)

" 'O meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor. Eles seguirão as minhas leis e terão o cuidado de obedecer aos meus decretos' ". Ez37.24 (UM PASTOR)

"Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Eterno: 'Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Elohim deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Eterno’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior", diz o Eterno. 'Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados.' " Jr31.33-34

"Assim diz o Eterno: 'Naqueles dias, dez homens de todas as línguas e nações agarrarão firmemente a barra das vestes de um judeu e dirão: ‘Nós vamos com você porque ouvimos dizer que o Eterno está com vocês’ ". Zc8.23

"Então, os sobreviventes de todas as nações que atacaram Jerusalém subirão ano após ano para adorar o Rei, o Eterno, para celebrar a festa das Cabanas." Zc14.16

domingo, 22 de dezembro de 2013

Dica de leitura: A perigosa linha tênue, não ultrapasse

"E no processo de desconstrução há uma perigosa linha tênue, que eu penso que não devemos ultrapassar. São muitos livros e textos para ler, e vamos lendo, lendo, pesquisando, a internet é um poço sem fundo, e quando nem percebemos, chegamos à beira da linha amarela e se não vigiarmos, perdemos mesmo a fé. E como disse antes, eu posso perder a fé em quase tudo, menos no Eterno, não é esse o caminho que eu quero para minha vida, não quero perder a fé no Criador, no Eterno. Entendo que podemos e devemos questionar tudo, mas não devemos deixar de acreditar no fundamental. Quando percebi essa linha tênue, tomei algumas decisões:..." Continue lendo

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Querem as bênçãos, mas não querem a disciplina

Publicado originalmente em 9/mar/2009. Texto editado.

P.S.: "Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca." Salmo32.3,4
"Por causa de tua ira todo o meu corpo está doente; não há saúde nos meus ossos por causa do meu pecado. As minhas culpas me afogam; são como um fardo pesado e insuportável. Minhas feridas cheiram mal e supuram por causa da minha insensatez." Salmo38.3-5


"Todas estas bênçãos virão sobre vocês e os acompanharão, se vocês obedecerem ao Eterno, o seu Pai: Vocês serão abençoados..." Deuteronômio28.2,3a

Nesses últimos anos muitas músicas foram feitas com esse texto. Muitas mesmo. E as pessoas passaram a acreditar nessa promessa. Mas eu queria entender como acreditam que vão ser abençoadas.

O texto diz se obedecerem, essas bênçãos os acompanharão. Se obedecerem a quê? Eu realmente queria entender. Porque há um ensino predominante de que a Lei, os preceitos, os mandamentos do Eterno não são para os religiosos de hoje, dizem que a Torah foi somente para o povo de Israel, e para o povo daquela época. Quer dizer, alguns mandamentos eles aboliram, porque ainda pregam obediência a mandamentos que são convenientes para eles, e pregam obediência a nove dos chamados Dez Mandamentos - sim, porque o quarto mandamento (guardar o sábado) foi abolido por eles. Até inventaram que o sábado foi substituído pelo domingo, mas não guardam o domingo, porque o domingo deve ser o dia que o religioso mais trabalha: é culto de manhã, culto à noite, reunião disso, reunião daquilo, ensaio, evangelismo etc etc. Ufa! Como se tivessem que fazer no domingo tudo o que não fazem durante a semana. Enfim, essa não é questão...

A questão é que o texto citado está falando de obediência às instruções da Torah [Pentateuco], que está dentro do que eles chamam de "Antigo Testamento". Então, pela lógica, se estão cantando um texto do "Antigo Testamento", devo entender que a Torah  deve ser obedecida para que essa promessa do texto se cumpra. E a Torah, a Lei de Moisés, é muito maior do que os chamados Dez Mandamentos (sendo que para eles só nove são válidos, lembra?), há muitos outros mandamentos ignorados, como os que falam dos animais impuros, as festas bíblicas como estatuto perpétuo, e muitos outros que foram abolidos pelos religiosos, mas não foram abolidos pelo Eterno. Sim, há mandamentos impossíveis de cumprir hoje em dia, e falo sobre isso neste texto do meu blog-livro, mas isso não significa que não devemos cumprir os que podemos. Uma coisa é querer, outra é não poder.

Então realmente não entendi. Porque quando eu falo que a Torah diz que não devemos comer carne de porco, camarão, lula, peixe sem escamas etc, os mesmos religiosos que cantam essas músicas me olham atravessado e às vezes zombam de mim. Quando falo que devemos guardar o sábado, perguntam se virei sabatista etc e me chamam de herege. Então, o que acreditam que se deve obedecer? Alguém me explica, por favor.

E aí vem a segunda questão. O texto que eles cantam, Deuteronômio 28, tem 68 versículos. De 1 a 14 há descrição das bênçãos. De 15 a 68 há uma relação das maldições. Então eu pergunto: quando é que vão fazer uma música sobre esses outros - pera aí que vou abrir a calculadora - 54 versículos?

Porque também quando falo que as doenças são consequências de pecado, me olham esquisito e começam o discurso do "não tem nada a ver" e dão aulas sobre medicina. Mas os hospitais estão cheios de religiosos doentes, e muitos podiam não estar doentes se apenas reconhecessem o pecado, pedissem perdão e procurassem não repetir o erro. Tanta gente doente sem saber o motivo, mas era só fazer um bom exame de consciência e perguntar ao Eterno onde foi que errou, e poderia não estar sofrendo com tantas enfermidades e tragédias. Até uma simples dor de barriga pode ser consequência de algum pecado. Mas infelizmente os religiosos ensinam erroneamente que não se deve perguntar o porquê das enfermidades e tragédias, então não descobrem as causas e não podem ficar livres das consequências dos seus pecados.

Triste isso, o povo sendo enganado dessa forma, muito triste. Tanta gente sofrendo por falta de conhecimento, por causa de uma teologia da graça barata. Mas em Deuteronômio 28 tem uma lista enorme de doenças em consequência da desobediência à Torah. Quase todas as maldições falam de enfermidades. Já leu?

P.S.: E mais triste ainda é quando a pessoa está sofrendo um castigo tão óbvio, que só não vê quem não quer, porque a pessoa está sofrendo exatamente pelo que fez outra pessoa sofrer, ou ela vive a mesma situação de alguém que foi vítima de uma mentira que ela falou, prova do próprio veneno, ou o castigo é tão "olho por olho" e a pessoa não percebe, não reconhece seu pecado, não conserta o que fez de errado, ou não restitui o que roubou da outra. E a pessoa passa por um castigo às vezes bem difícil e tanto sofrimento que poderia ter sido evitado com um simples pedido de perdão.

Então eu ainda não entendi. Cantar que as bênçãos me seguirão pode (se eu obedecer, é claro, mas isso não está nas músicas), cantar que as maldições me atingirão se eu não obedecer, isso não pode. É, realmente ficou difícil de entender. São dois pesos e duas medidas? E onde fica o "se obedecerem"? Queremos que as bênçãos nos sigam, mas não queremos obedecer.

Sei lá, às vezes penso que lemos bíblias diferentes.

Enfim, você pode me criticar, zombar de mim, que vou continuar perseguindo a obediência. Eu quero obedecer, porque quero ser abençoada com todas as bênçãos de Deuteronômio 28, quero qualidade de vida, e não quero as maldições que estão lá no texto. E obedecer à Torah significa qualidade de vida. Ainda não cheguei lá, mas vou chegar. E eu obedeço por amor, não por legalismo. Quero chegar ao nível de Davi e dizer "quanto amo a tua Lei", "a Lei do Eterno é perfeita" (Salmo 119 fala disso o tempo todo, leia).

Estou cansada de religioso hipócrita. Estou cansada das zombarias por eu querer obedecer. Estou cansada mesmo. Se você não quer obedecer, problema seu. Mas lembre-se que também está escrito:

"Entretanto, se vocês não obedecerem ao Eterno, o seu Pai, e não seguirem cuidadosamente todos [TODOS] os seus mandamentos e decretos que hoje lhes dou, todas estas maldições cairão sobre vocês e os atingirão: Vocês serão amaldiçoados..." Deuteronômio 28.15

Leia também Síndrome de querer ser como Jó.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Que rei é você?

Publicado originalmente em 7/maio/2012

Você é do tipo Davi, que se arrepende quando é repreendido, ou é do tipo Zedequias, Acabe e tantos outros, que mandam prender ou matar os profetas (ou ficam magoadinhos e mandam recado no próximo sermão)?

“Então Davi disse a Natã: ‘Pequei contra o Eterno!’ E Natã respondeu: ‘O Eterno perdoou o seu pecado. Você não morrerá’.” 2Samuel12.13

“Zedequias tinha vinte e um anos de idade quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. Ele fez o que o Eterno reprova, e não se humilhou diante do profeta Jeremias, que lhe falava como porta-voz do Eterno.” 2Crônicas36.11-12

”Josafá, porém, perguntou: ‘Não existe aqui mais nenhum profeta do Eterno, a quem possamos consultar?’ O rei de Israel [Acabe] respondeu a Josafá: ‘Ainda há um homem por meio de quem podemos consultar o Eterno, mas eu o odeio, porque nunca profetiza coisas boas a meu respeito, mas sempre coisas ruins. É Micaías, filho de Inlá’. ‘O rei não deveria dizer isso’, Josafá respondeu. [...] O rei então ordenou: ‘Enviem Micaías de volta a Amom, o governador da cidade, e a Joás, filho do rei, e digam: ‘Assim diz o rei: Ponham este homem na prisão a pão e água, até que eu volte em segurança’.”
1Reis22.7,8,26,27

P.S.: É muito triste ver pessoas sofrendo por causa de erros graves e não se arrependerem. Ah, na teologia delas não há castigo, só graça. Rasga a Bíblia e joga fora. E como eu sei que não se arrependeram? Simples, porque deveriam ter desfeito o que fizeram e isso não aconteceu. Se tivessem feito isso creio que não estivessem sofrendo tanto até agora. Mas preferiram ouvir a teologia da graça barata ao invés de ouvir o Eterno. E quando são confrontadas atacam quem as confronta. Triste, muito triste.

P.S.2: E mais triste ainda é quando a pessoa está sofrendo um castigo tão óbvio, que só não vê quem não quer, porque a pessoa está sofrendo exatamente pelo que fez outra pessoa sofrer, ou ela vive a mesma situação de alguém que foi vítima de uma mentira que ela falou, ou o castigo é tão "olho por olho" e a pessoa não percebe, não reconhece seu pecado, não conserta o que fez de errado, ou não restitui o que roubou da outra. E a pessoa passa por um castigo às vezes bem difícil e que poderia ter sido evitado com um simples pedido de perdão.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Para recordar - Diretas 19

"Sintomas de orgulho: a pessoa é incapaz de dizer 'preciso de ajuda', 'errei, peço perdão', 'por favor' ou 'obrigado'."

"Que eu não perca a capacidade de indignar-me. 'Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: por certo que já estou morto.' Augusto Branco"

"Dependência do Eterno ou morte!"

"Misógino que não permite a esposa trabalhar ou estudar ou ter contato com familiares e amigos ou que proíba a esposa de usar redes sociais e líder religioso que vive decretando jejum de televisão e/ou internet usam a mesma tática dos ditadores comunistas que impedem o acesso à internet e a programas de TV de outros países, porque todos eles sabem que a pessoa bem informada desenvolve senso crítico e não aceita facilmente ser enganada, manipulada e escravizada. Desconfie, abra os olhos, cuidado, não se deixe enganar. Liberte-se!"

"Voltaria para a caverna para passar todo conhecimento adquirido fora da caverna para seus colegas ainda presos. Porém, seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna. Os prisioneiros vão chamá-lo de louco, ameaçando-o de morte caso não pare de falar daquelas ideias consideradas absurdas." (parte de O mito da caverna, de Platão)

"Sinto muito, Augusto Comte, mas eu rejeito o seu Positivismo. Sim, eu quero saber o 'porquê' das coisas, eu quero entender a origem para tratar a causa, e não os efeitos. Eu quero ter respostas. Odeio a ignorância. Odeio!"

"Will: __ As pessoas perderam empregos, terras... Não podem sustentar as famílias e muito menos um picareta como você. Faça-lhes um favor, vá embora. Jonas: __ Você é direto, Will, então eu também vou ser. Digamos que eu seja o que você disse que sou. Em Nova York, um show desse na Broadway custa US$65 por pessoa. E isso é só a entrada. Talvez a pessoa goste do show. Talvez não, e se arrependa. Eu faço um bom show para a minha plateia. Muita música e alto astral. A maioria das pessoas volta para casa mais esperançosa." (Do filme Fé demais não cheira bem: verdadeiros milagres, a preços acessíveis.)

"♫♫ 'Não adianta ir à igreja rezar e fazer tudo errado.'♫♫ Ou seja, não obedecer a TODOS os mandamentos e acreditar na mentira de que só alguns foram abolidos. Ou tenha coragem e seja coerente, rasgue o VT e jogue fora e não cite NADA dele, não siga NADA dele, e pare de citar e seguir só as partes que acha conveniente. "Se, porém, não lhes agrada servir ao Eterno, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas, eu e a minha família serviremos ao Eterno [e somente a ele, e obedeceremos a TODOS os seus mandamentos, e não a regras humanas]". Josué24.15"

"No início da minha juventude, há mais de 20 anos, havia um sentimento coletivo de vergonha de ser brasileiro e muuuuitas piadas eram repassadas de bar em bar, não havia internet, nem Facebook, mas os memes reais eram motivos de muito riso. Aí o tempo foi passando e algumas pessoas foram tentando melhorar a imagem do Brasil para os brasileiros, inventaram uma música para que todos pudessem dizer que são "brasileiros, com muito orgulho, com muito amor", e já na era da internet, ainda por e-mail, passou a circular em forma de corrente uma carta de uma brasileira que morava no exterior em que ela enaltecia as coisas boas do Brasil. E aos poucos o orgulho de ser brasileiro foi aparecendo... Mas... Durou muito pouco. Estou revivendo meus anos de juventude vendo os memes virtuais e percebendo novamente uma vergonha coletiva de quem nasceu tupiniquim. Será que vem outra musiquinha por aí para tentar salvar a Pátria, amada, idolatrada? Pior que uma das piadas nem vai mais fazer sentido, porque agora já temos terremoto, já temos quase furacão, e continuamos com o mesmo Zé povinho."

"Estou perplexa e preciso desengasgar, porque anda circulando no Facebook um meme com uma pérola atribuída a John MacArthur Jr (se é que ele disse mesmo isso), com o seguinte texto: 'A igreja não é perfeita, nunca o foi! Algumas pessoas usam este fato como desculpa para manterem-se afastadas da igreja, dizendo: ‘Eu gostaria de frequentar uma igreja, mas há muitos hipócritas ali’. Neste caso, eu penso: “Venha, temos lugar para mais um!’ E o mais assombroso é que em uma só página do Facebook houve mais de 2.500 compartilhamentos e em outra mais de 4.600 compartilhamentos da infeliz frase. Como pode seres pensantes concordarem com tal absurdo? Não questionaram, simplesmente acharam bonitinha e compartilharam? Além das ameaças aos que querem sair e aos que já saíram do sistema, agora o desespero por números está pregando isso? Não é mais a mensagem de transformação, mas a mensagem de que tudo bem ser hipócrita? E com essa pérola eles estão assumindo que são hipócritas? Eu, heim, estou mesmo fora. Amando ser livre. E mais uma vez eu pergunto É pecado buscar a perfeição? Onde está escrito isso?

"Uns são da sexta, outros do sábado, outros do domingo. Eu escolhi o sábado porque escolhi a Torah."

"Hoje resolvi ligar a TV de manhã e estava passando o filme O show de Truman e fiquei aqui vibrando com o final, a libertação do escravo. Bem apropriado para o momento Coreia em que estamos vivendo, quando quase 24 milhões de escravos não sabem que são trumans, porque são proibidos de conhecer o resto do mundo, não podem ler, não têm acesso à informação e são ameaçados se tentarem fazer isso. E é só assim que se pode manter um ditador no poder e manter escravos acreditando no paraíso. Qualquer semelhança não é mera coincidência com as várias vezes em que ouvi dentro do sistema frases como 'Cuidado com a comida servida em outros pastos', 'Cuidado com os autores que anda lendo', 'Façam propósito sem internet, sem TV', 'Cuidado com as ideias de fulano'. Para que os trumans se libertem é preciso saber que são escravos. Liberte-se do sistema, saia da escravidão, não aceite ameaças. Amando ser livre."

Perdoar não é tão simples como dizem

Publicado originalmente em 10/jan/2011

Continuação de Perdão e confiança

Tem P.S. no final.

Perdoar é muito mais complexo do que a sociedade e a religião ensinam, principalmente porque não entendem a diferença entre perdoar e confiar ou restaurar a comunhão. São coisas diferentes.

Todos nós conhecemos pessoas que foram traídas e não querem comunhão com o traidor que não pediu perdão. Mas as pessoas em volta ficam repetindo para quem foi traído que deve perdoar, que deve esquecer, “Ah, já passou tanto tempo e você ainda pensa nisso?”. Diz o ditado que quem bate esquece, quem apanha, não. Triste é que não vejo as pessoas pressionando o traidor para pedir perdão ou se arrepender. Normalmente querem que a pessoa traída perdoe sem que o traidor peça perdão.

P.S.: A mensagem principal da Bíblia é "arrependa-se", e não "perdoe". Mas a moda agora é pedir que as pessoas perdoem tudo. Quando é que vão começar a pregar arrependimento? Nem o Eterno perdoa a quem não pede perdão.

Não consigo fazer essa leitura nas palavras do Eterno, que eles usam para convencer quem foi traído liberar perdão. Não consigo imaginar o Eterno dizendo que deveríamos ser bobos e fingir que não estamos vendo as mentiras e armações das pessoas e deixar que elas nos enganem, que nos explorem, que se aproveitem da nossa boa vontade, e no final nos apunhale pelas costas, e que depois deveríamos perdoar, esquecer, sem que a pessoa peça perdão. Não entendo mesmo isso.

O que vejo em toda a Bíblia é a mensagem de arrependimento. É só pesquisar quantas vezes aparece a ordem “arrependam-se” na Bíblia. Eu já pesquisei, é muita coisa. E não vejo o Eterno perdoando ninguém sem que a pessoa tenha se arrependido e pedido perdão. Esse é o padrão dele e de sua Palavra, arrependam-se.

Por exemplo, como se perdoa uma pessoa que para prejudicar um adulto chega ao limite da crueldade contra uma criança? O alvo da vingança é o adulto, mas quem é maltratado é um inocente, indefeso, incapaz como diz a Justiça. Como se perdoa isso, principalmente se o agressor não pediu perdão?

Como pode alguém maltratar, deixar passar fome e roubar o futuro de uma criança, quase bebê, para se vingar de um adulto? Isso é um nível muito grande de crueldade e maldade.

Será que a pessoa e os seus apoiadores não perceberam que o adulto não foi o prejudicado nessa história? Ninguém vê que a verdadeira vítima é a criança, incapaz de se defender? Quem vai ficar com uma ferida na alma, o adulto que tem entendimento, ou a criança que não pode ainda tomar decisões e nem sabe que está sendo usada para o mal? Quem vai sofrer mais?

Alguns anos depois, ainda que essa pessoa se arrependa, ainda que peça perdão ao adulto, suposto alvo da vingança, ainda que isso aconteça, será que esse perdão vai consertar alguma coisa? Porque o traidor deveria pedir perdão para a criança, a verdadeira vítima da traição. Mas ainda que peça perdão para a criança, essa pessoa vai conseguir reparar o erro que cometeu, vai conseguir devolver o que roubou do inocente? A resposta é NUNCA MAIS. Nunca mais alguém vai conseguir restituir o que foi tirado de uma criança desse jeito. Os anos já se passaram, não tem como voltar atrás.

E engana-se quem pensa que pode maltratar e ser cruel com um dos pequeninos do Eterno e não sofrer castigo. Não podemos zombar do Eterno e a vingança pertence a ele. Ele é justo e com certeza está olhando pelas crianças. E ai daqueles que fizerem sofrer um incapaz. Eu não queria estar na pele deles quando o Eterno começar a pesar a mão sobre eles.

Pensando nesse exemplo consigo entender porque o Eterno, apesar de ter perdoado Davi, não curou o filho, fruto do adultério, e o bebê morreu. Agora faz sentido porque o Eterno não retira a consequência de alguns pecados. Davi – e as outras pessoas na mesma situação –, não podia reparar o mal que havia feito. Urias já estava morto e ele não podia trazê-lo de volta e restaurar o casamento dele com Bate-Seba. Nem com todo arrependimento e choro do mundo Davi poderia fazer isso. Impossível. Por isso o Eterno não atendeu a oração de Davi curando o filho de Bate-Seba.

Agora entendo porque há pecados que são perdoados e as consequências retiradas, mas há pecados em que isso não é possível, porque não há como reparar o erro cometido, não há como consertar, restituir, voltar o tempo.

P.S.1: E mais triste ainda é quando a pessoa está sofrendo um castigo tão óbvio, que só não vê quem não quer, porque a pessoa está sofrendo exatamente pelo que fez outra pessoa sofrer, ou ela vive a mesma situação de alguém que foi vítima de uma mentira que ela falou, prova do próprio veneno, ou o castigo é tão "olho por olho" e a pessoa não percebe, não reconhece seu pecado, não conserta o que fez de errado, ou não restitui o que roubou da outra. E a pessoa passa por um castigo às vezes bem difícil e tanto sofrimento que poderia ter sido evitado com um simples pedido de perdão.

E chame como quiser: prêmio e castigo, carma, lei do retorno, consequências, justiça divina, recompensa... Tanto faz, o resultado é o mesmo: colhemos o que plantamos. E "quem semeia vento colhe tempestade".

P.S.2: Quando falo sobre não perdoar quem não pede perdão, muita gente me olha com cara de espanto e outras até discordam e tentam "pregar" para mim, principalmente citando textos contrários à Torah. Até entendo que aprenderam errado sobre o conceito de perdão e ficam repetindo o que seus líderes falam na lavagem cerebral dominical. Mas não perdoar, ou não querer assunto, ou não querer comunhão, ou não querer conviver com a pessoa que foi cruel, feriu, agrediu, e NÃO se arrependeu, NÃO reconheceu o erro e NÃO pediu perdão, NÃO significa guardar mágoa, rancor, amargura no coração. Não mesmo. Posso perfeitamente não querer assunto com quem me feriu e ainda assim não ter ódio nem mágoa nem amargura, e tenho o direito de não querer conviver para não me violentar e para não dar chance de ser ferida de novo. Não sinto mágoa, amargura etc, o que sinto é decepção, é impotência diante da injustiça, é tristeza pela pessoa não se arrepender, por ver tanta dureza de coração, apesar de tantas vezes ter sido confrontada. E todos os sentimentos eu coloco diante do Eterno em oração, limpo meu coração diante dele, confesso todo desejo de justiça com as próprias mãos, confesso todo desejo mau do meu coração, confesso todo pensamento de violência, peço perdão pelas palavras de maldição que eu possa ter dito na hora do sangue quente, libero perdão para a pessoa em oração e peço que o Eterno perdoe a pessoa. E não oro pedindo justiça, oro pedindo arrependimento para a pessoa que me feriu, e pedindo misericórdia para mim. Não fico alimentando mágoa, mas também não vou fingir que nada aconteceu e "esquecer" o que a pessoa fez e restaurar comunhão com quem não pede perdão. Enfim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E repito, se nem o Eterno perdoa quem não se arrependeu e não pediu perdão, por que eu haveria de perdoar? Resumindo: não sou obrigada a conviver com pessoas que contribuíram para uma criança passar fome e não reconhecem que erraram, não pedem perdão e nem corrigem o erro. Mas posso e vou continuar dizendo que estão errados, vou continuar confrontando a maldade que fizeram, e isso não significa que estou com mágoa nem amargura, só significa que não vou me calar diante de uma injustiça e uma crueldade tão grandes.
P.S.3: E indignação não é amargura. "Indignação: sentimento de cólera ou de desprezo experimentado diante de indignidade, injustiça, afronta" (Houaiss). Que eu não perca a capacidade de indignar-me. "Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: por certo que já estou morto" (Augusto Branco).

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Histórias de infância: sou medrosa

Vivo adiando começar uma série de histórias da minha infância, mas hoje me lembrei de uma e finalmente pelo menos uma dessas histórias vai pro papel, ou melhor, pro blog.

Sou muito medrosa, sempre fui, desde criança. Nem vou comentar o que passei por causa da história da loira no banheiro das escolas e como eu fugia de filmes de terror. São tantas situações, mas tem uma história de medo que continua comigo até hoje.

Tenho pavor de chegar em casa à noite sozinha. Sempre tive e continuo tendo. Se isso acontece, chego em casa e começo o meu ritual básico: vou em todos os cômodos, acendo as lâmpadas e olho em todos os cantinhos, to-dos mesmo, embaixo das camas, dentro do box do banheiro (trauma de filme que nem vi, rsrsrs), e só depois de fazer tudo isso é que fico mais tranquila em casa.

Não sei se aprendi o ritual com ele, ou se eu já era assim antes, mas um parente estudava em outra cidade e morava na casa dos meus pais nos finais de semana (aliás, vários parentes moraram na casa dos meus pais quando eu era criança e adolescente, sempre havia um agregado em casa, e a criançada gostava muito disso, era uma farra). Geralmente ele chegava na nossa casa na sexta-feira à noite, e nesse dia às vezes a minha família ia à igreja. E em frente à nossa casa havia um pequeno centro de candomblé e o serviço também era às sextas-feiras à noite e da nossa casa ouvíamos bem nitidamente todas as músicas que eles cantavam até de madrugada, e nós, as crianças e ele, ficávamos com medo. Então, muitas e muitas vezes chegávamos da igreja e antes de chegar em casa já sabíamos que ele estava lá, porque de longe víamos todas, to-das as lâmpadas de casa acesas. Como criança não perde uma chance, da rua já começávamos a zoação com ele, as risadas começavam antes de chegar em casa e aquele era o assunto do resto da noite.

E hoje, sempre que passo por situação parecida, quando começo a acender as lâmpadas de todos os cômodos da casa, minha mente sempre retorna àqueles momentos engraçados de infância. Quer dizer, para mim não tem nada de engraçado, porque continuo sendo medrosa com isso, rsrsrs.

Sim, estou muito decepcionada

O P.S. de Não fiquei magoadinha virou post.

Meu pai dizia uma frase muito sábia sobre alguns religiosos: "Quando sobe no púlpito não devia descer, quando desce não devia subir." Continuo afirmando que NÃO saí do sistema religioso porque fiquei magoadinha com as pessoas dentro do sistema e explico tudo lá no texto, e é verdade mesmo, não foi por decepção com as pessoas, mas saí para buscar a verdade e por rejeitar a mentira que a religião prega. Mas houve, sim, uma decepção com os religiosos, só que foi quando eles desciam de seus "púlpitos", fora do ambiente religioso, quando eles eram apenas participantes da sociedade, como empresários, chefes, amigos e familiares. Dentro de seus redutos religiosos esses líderes passam uma imagem de corretos, de íntegros, de sábios, mas fora do sistema, quando são apenas pessoas "comuns", e só quem convive de perto conhece esse lado deles, aí tudo muda. Chefe que inventou motivo para me demitir. Chefe que não falava nem um "bom dia" quando chegava e ainda batia a porta na minha cara, porque a minha mesa ficava virada para a porta da sala dele. Familiares que fizeram fofoca e mentiram sobre mim, e outros que acreditaram nessas mentiras sem nunca terem me procurado para ouvir o meu lado, e prejudicaram de uma forma cruel uma pessoa indefesa e jamais vão poder restituir o que foi roubado dela. E agora, com a morte do meu pai, a atitude de muitos familiares é decepcionante. Os religiosos da minha família foram a maior decepção da minha vida, não como líderes religiosos, mas como parentes.

Muito cansada de ódio, repulsa e defensiva gratuitos. Gratuitos, sim, porque pergunto qual o meu crime e ninguém consegue de me dizer algo concreto. A pessoa não convive comigo, não conversa comigo, não lê o que eu escrevo e se acha capaz de me julgar, condenar e dizer que estou errada. Resultado: se não RESPEITA minhas escolhas, vou me afastar ainda mais, quero mais distância.

Cada um escolhe o meio de comunicação que mais gosta. Prefiro o meio escrito, além de ser mais claro para o entendimento, porque pode-se reler, se houver dúvida, também é um documento. Palavras voam, e se não forem gravadas vai ficar difícil provar quem disse o quê, vai ser uma palavra contra a outra e estou muito cansada de deturparem o que eu digo. E como tenho sido objeto de muita fofoca e mentira, então para certos assuntos e esclarecimentos, se alguém quiser mesmo conversar comigo e OUVIR OS DOIS LADOS, não será por telefone. Não adianta tentar me ligar, porque não vou falar pelo telefone com ninguém sobre as fofocas com meu nome. Só converso por e-mail, ou carta, ou bate-papo do Facebook, ou seja, com tudo documentado. Até posso conversar pessoalmente, olho no olho como gostam de dizer, mas só se for com presença de testemunhas inteligentes e com a conversa devidamente gravada em vídeo. Gato escaldado tem medo de água fria. [Para quem não leu antes, isso não é novo, é um pedaço do texto publicado no meu blog em março de 2012.]

O mundo tá ficando tão sem graça. Você tenta resolver um problema de anos com a pessoa, em que houve muita fofoca e mentira no meio, aí você diz que está decepcionado com isso e isso e isso que a pessoa fez, e pergunta o que você fez para essa pessoa e que resultou em tanto ódio.
Acredito que numa situação assim você espera duas possíveis respostas, em que a pessoa mostraria maturidade e seria superior:
1 - Ou diria que você também a feriu assim, assim e assim, e diria tudo que você fez de mal para ela, e poderia até dizer que não quer mais assunto com você;
2 - Ou diria que sente muito, que está disposta a conversar para colocar tudo sobre a mesa, esclarecer, resolver tudo, pôr uma pedra em cima, passar uma borracha.
Mas aí a pessoa responde: "Chata, boba, feia, carente, maluca, toma diazepam, incoerente, radical, certinha, metida, encrenqueira, herege, fanática, problemática..." E não responde nada concreto, não usa argumentos sólidos, não consegue dizer um nada que você tenha feito de tão grave para ela. Assim fica muito difícil.

E aí converso com uma dessas pessoas em PRIVADO, e outra pessoa toma as dores e se veste de defensor dos oprimidos pela cruela eu, e vem me questionar e me acusar de estar difamando o caráter daquela pessoa em PÚBLICO no Facebook (hã, como assim? a conversa foi privada, dã!), e pelo tom do questionamento a terceira pessoa não leu a conversa com a primeira, ou se leu, assinou atestado de analfabeto funcional, porque não entendeu nada. Por isso não converso sem gravar. Eu, heim! Vão se tratar. DE-SIS-TO.

E só acho que, assim como abrir correspondência alheia é crime, ler conversa privada no Facebook alheio também deve ser crime. E responder no lugar de outra pessoa e se fazer passar por ela, enganando o outro, deve ser outro crime, de falsidade ideológica. Só acho. E estou muito desconfiada de que fizeram isso com o perfil de uma pessoa com quem "conversei", estou achando que quem respondeu não foi a dona do perfil.


Leia também
Última palavra sobre as mentiras com meu nome

domingo, 24 de novembro de 2013

Dica de leitura: Mas como sei que estou no caminho certo?

Mas como sei que estou no caminho certo?
A certeza de estar no caminho certo não tem preço. E a sensação de que "tem alguma coisa errada" ou não pode ser só isso" de-sa-pa-re-ceu completamente.
Primeiro, porque já passei por isso uma vez e conheço os sinais. Sei que não inventei nada disso. Sei que o Eterno me ensina, eu obedeço e depois recebo confirmação de tudo. Ele sempre confirma.
Continue lendo.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Meu pai não estava doente, só estava idoso. Ele não morreu, foi assassinado

"Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: por certo que já estou morto." Augusto Branco


Acordo no dia seguinte com um forte sentimento de indignação e impotência pela injustiça e impunidade deste país sem lei. A pergunta é: a quem devo processar, o hospital, o Estado do Espírito Santo, o Ministério da Saúde? Ou melhor, adianta processar? Vai mudar alguma coisa neste país injusto e idiota ou será só mais um processo dentre tantos milhares que já existem?

Meu pai estava idoso, sim, tentávamos nos preparar para sua partida, porque a morte faz parte da vida. Mas ele não teve direito a uma morte digna e era só isso que eu pedia. Meu pai não estava doente, só estava idoso. Ele não morreu, foi assassinado, foi vítima da incompetência, abuso de poder e ganância do sistema de saúde neste país sem lei.

Meu pai caiu, fraturou o fêmur e foi internado, e ficou esperando por uma cirurgia que nunca houve e nem haveria, porque era nítida a enrolação de todos os ortopedistas, ninguém queria operá-lo. Mas não nos informaram nada disso. E o descaso e incompetência dos médicos o levaram a uma pneumonia e derrame pleural e ele foi morrendo um pouco a cada dia.

Não nos deram opções, não nos deram alternativas, e quando alguém cogitou a possibilidade de levá-lo para casa sem ter feito cirurgia, o sistema e lavagem cerebral venceram e ele foi mantido naquele lugar de tortura e não de cura.

E ainda foi vítima do abuso de poder de uma administração burra, todos formados na idiocracia, porque seus direitos garantidos por lei não foram respeitados. O que dizer de um administrador que decreta uma norma impossível de ser cumprida? Um completo idiota.

Foram tantos os problemas e abusos, ainda vou sentar e fazer um diário completo de tudo o que passamos dentro daquele inferno de hospital, nas mãos de "profissionais" robotizados, idiotas e desumanos. Exames que não foram feitos, sangue que prescreveram e que nunca chegou, remédios que não chegavam no horário e enfermeiras que me chamaram de mentirosa quando ia reclamar do remédio que não veio e que deveria ter vindo há três horas. Fisioterapeuta que "apareceu" uma semana depois de internação, por conta própria, porque ela saiu procurando idosos na ortopedia e "encontrou" o meu pai, mas quando ela vinha só ficava cinco minutos e isso não acontecia todos os dias. P.S.: E a fisioterapeuta mandou colocar um colchão d'água para ele, mas o colchão veio com defeito e ficou vazando água a noite inteira e a pessoa que estava de acompanhante à noite não encontrou enfermeiros no setor para pedir ajuda, e ainda foi acusada de mentir. E de manhã, quando cheguei, tive que pedir três vezes para tirarem o colchão, porque meu pai havia passado a noite toda com as costas na cama molhada, e só fui atendida na terceira vez, três horas depois que cheguei, porque fiz barraco. Médicos que não liam o prontuário, chegavam para a visita perguntando o que houve e o acompanhante tinha que contar toda a história de novo, e na visita seguinte o mesmo médico ainda não sabia que meu pai havia fraturado o fêmur e perguntava o que houve. Médico que não lembrava do que falara na visita anterior, dizia que iam mudar um medicamento, mas não anotava, e depois na prescrição a enfermeira diz que ele retirou dois medicamentos, mas para mim ele disse que seria apenas um. Na outra visita ele não comenta nada sobre isso e depois a enfermeira traz um dos medicamentos que havia sido retirado. Uma bagunça. Esses são só alguns exemplos, as histórias são tantas, dariam quase um livro.

Não, não faltavam médicos ou enfermeiros, bastava chegar no posto de enfermagem na hora das novelas para encontrar três ou cinco enfermeiros olhando fixamente para a TV, concentrados no enredo. Não faltava material, aliás, havia material sobrando e o que vi ali dentro nos 17 dias que fiquei de acompanhante foi um grande desperdício do dinheiro dos nossos impostos.

Eu briguei, esperneei, reclamei com o diretor do hospital, mas nada adiantou, nada. Passei a ser odiada por todos de tanto que eu briguei pelos direitos do meu pai. Cansada, fragilizada, quase surtando, antes que voasse no pescoço de uma enfermeira, vim embora, não suportava mais aquilo tudo, fui além das minhas forças e ainda fui criticada por brigar por dignidade para um ser humano.

Eu sei que esses não são problemas somente daquele hospital, já relatei sobre a violência em hospitais aqui. Mas esse foi o último hospital e um dos piores, com certeza.

Perder meu pai não foi o problema, apenas a morte faz parte da vida, como disse a mãe de Forrest Gump. Lógico que sempre ficaremos tristes e teremos luto, mas o tempo vai diminuindo essa dor. O problema é me sentir violentada e não ter a quem recorrer, não ter com quem reclamar, não ter alguém que lute pelos nossos direitos garantidos por lei neste país sem lei, é estar indignada e me sentir impotente.

Por enquanto só me resta repetir o que escrevi no Facebook quando ainda estava "internada" com meu pai no hospital assassino: "Novamente enfrentando violência no sistema de saúde com meu pai internado com fratura de fêmur e odeio cada dia mais médicos e enfermeiros, e odeio mais ainda administradores de hospital com suas normas burras e absurdas, ou seja, odeio os "cerumanos" (Perdão aos pouquíssimos seres humanos da área)." E repetir também que "pelo menos no corredor da morte o condenado tem direito de escolher a última refeição."

E agora ainda tenho que conviver com a culpa por não ter enfrentado o mundo todo e ter dado ao meu pai um final digno, comendo angu e jiló, cercado por seus familiares. Vou ter que aprender a conviver com isso. Cuidei dele por tanto tempo e no final, vacilei feio.


Extraído de "Asterix entre os pictos"

P.S.: Comentários do Facebook
Eu, heim, gente, todo mundo vivendo o mesmo drama???? Epidemia????? Que levante a mão quem não sofreu violência. Vamos mover uma ação coletiva???????????? Ou vamos embora desta porcaria de país????????? Eu estou mais na segunda opção. Vejam os comentários postados no meu perfil do Facebook:

"Disse tudo, o que você passou, infelizmente continuo enfrentando com meu avô. O descaso é claro, pergunto algo ao médico e ao invés de me responder, ele ri. Eu não aguento mais isso."

"Eu concordo com você, aconteceu com meu pai, tinha dinheiro suficiente para ficar nos melhores hospitais, mas a ganância de um certo irmão abreviou a morte dele. E isso me consome até hoje. Então, "ele" colocou meu pai num hospital carniceiro depois que ele sofreu uma queda, tiramos de lá mas com uma escara terrível nas costas e mesmo colocando num hospital melhorzinho já era tarde demais."

"Entendo sua indignação. Passei o mesmo com os meus avós no hospital assassino!!!! Tenho o mesmo questionamento: a quem processar ????"

"Há 2 anos perdi minha mãe nesse sistema ridículo, por um erro médico, não viram que minha mãe estava com trombose e demorou um mês pra ser transferida e quando foi não adiantava mais nada a não ser amputar a perna. Depois ficou no descaso da saúde pública, sofreu duas semanas, não suportou, e Deus levou. Lembro muito bem como se fosse hoje ela falando que não queria mais ficar neste mundo. Os assassinos do hospital Salgado Filho estão lá trabalhando, revindicando salários, aff, cansa. Isso cansa mesmo. Meus sentimentos, que sei como é isso. O Brasil de poderes."

"Eu também perdi minha irmã por descuido médico. Choque anafilático durante uma tomografia. Eu sei o que você está sentindo."

"Revoltante! Passamos por dias e situações muito difíceis com o nosso filho mais velho por duas vezes internado em um hospital particular. Me senti tão revoltada e impotente quanto você. Até comida estragada eles nos serviram... A auxiliar de cozinha fazia ânsia de vômito enquanto preparava os pratos. Os curativos do meu filho ficaram no chão ao lado do leito da UTI por 3 dias!!!! As refeições não chegavam no horário, muito menos os antibióticos. Fotografamos algumas coisas, procuramos um advogado que de cara classificou nosso caso como "perdido". Guardei tudo numa pasta, chorei muuuuuuuuito e não quis mais falar sobre o assunto. Falar sobre isso me adoece!"

"Eu entendo bem o que você passou, aqui também tem um pouquinho isto, mas não quando eles veem que o idoso tem alguém. Não se culpe, você não tem culpa. Eu entendo o que você está passando, eu muitas vezes aqui tenho que lutar contra moinhos, que nem D Quixote, cuido de minha mãe sozinha, e D`us. Às vezes acho que vou sucumbir, mas D`us me dá forcas, pra lutar contra tudo e contra todos... Só Ele sabe o que passamos e não é fácil. Volta e meia adoeço por conta disto. Por sentir esta impotência, daí eu choro no travesseiro e entrego a D`us, e o que me resta é confiar nEle. Todos os dias mato um leão... Já salvei minha mãe da morte várias vezes... Eu também quero que quando ela partir, parta com dignidade. Eu Te entendo e entendo sua revolta. Oremos pra D`us te dar o consolo amada. Beijos."

"Triste, muito triste! NÃO QUERO perder NUNCA a sensibilidade e a capacidade de indignar-me ante relatos como estes.... Não se culpe amiga, todos temos um limite e o seu foi a uma exaustão diante de tanto descaso! Faça de sua indignação uma voz aos "mudos"! Denuncie, sim! Pois uma transformação para o bem, que aconteça , por menor que pareça, pode livrar alguns de violências tão cruéis. Beijos."

"Não adianta tanto avanço tecnológico se o ser humano não é valorizado. Infelizmente problemas como esse ocorrem no SUS e também no particular, e além de enfrentarmos o desgaste da doença, temos o desgaste da luta por um tratamento digno para nossos familiares. Isso tem que mudar...Vocês fizeram o possível, o sistema é que é falho. Deus de força a toda família."


P.S.2: "Meu nome é Maximus Decimus Meridius, comandante dos exércitos do norte, general das Legiões Felix... servo leal do verdadeiro Imperador, Marcus Aurelius. Pai de um filho assassinado, marido de uma esposa assassinada. E terei minha vingança, nesta vida ou na próxima."

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Gláucia, Wendell e Alexandre

Há 13 anos e dez meses recebemos e assumimos uma missão, cuidar do Joaquim. Missão dada, missão cumprida. E quero aqui agradecer a vocês três, Gláucia, minha irmã caçula, "Engli" (Wendell), marido dela, e Alexandre, meu marido. Muito obrigada por tudo que fizeram pelo Joaquim.

Eu e Gláucia assumimos a tarefa de cuidar de um pai já idoso, com vários problemas de saúde, e desde então dividimos tudo, as alegrias e tristezas, as piadas e os sustos. E minha irmã caçula é uma guerreira. Estivemos juntas nas salas de espera das cirurgias de catarata do velho e da cirurgia para colocar prótese no joelho. E mesmo nas outras duas cirurgias por causa da fratura do fêmur, estivemos juntas em pensamento, porque Gláucia estava recebendo Thalles, que nasceu bem nessa época. Estivemos juntas quando ele sofreu um AVC. E estivemos juntas agora, em mais um hospital, em mais uma fratura de fêmur, que não chegou a acontecer a cirurgia, mas foram 22 dias de internação e sofrimento para ele e para nós, até que Joaquim descansou com seus antepassados.

E ainda estivemos juntas, não fisicamente, mas em comum acordo e apoio, apoiadas pelos maridos, no resgate que precisamos fazer do Joaquim em uma situação delicada e complicada, muito complicada.

"Engli" (como Joaquim o chamava) e Alexandre foram mais que dois filhos para o velho, cuidaram dele melhor do que muitos filhos por aí. Sempre nos apoiando, nunca reclamaram, nunca mediram esforços ou recursos para que tentássemos dar ao Joaquim conforto e cuidado. E em todos esses anos nunca houve um desentendimento sequer sobre dinheiro, nem sobre nada que se relacionava ao Joaquim. O velho confiava nos genros, uma vez Joaquim fez uma viagem longa com outra pessoa e quando chegou ele disse que até para dirigir Alexandre e "Engli" eram mais tranquilos. E realmente tinham toda paciência do mundo e sempre faziam mais paradas nas viagens por causa do velho, mesmo que a viagem ficasse bem mais demorada.

Quando nós ou eles precisávamos procurar casa para morar, nossa exigência aos corretores sempre foi: não pode ter escadas, temos um idoso. Até para escolher carro pensávamos nele, então quatro portas não era luxo, era necessidade.

Nunca faltava em nossas casas a banana, a água tônica, o iogurte e a bala para Joaquim. Em nossas viagens juntos sempre rebocávamos o velho, Angra, Guarapari, ele sempre estava lá nas nossas fotos.

Acho que somos conhecidas pelos nossos amigos como as rebocadoras do velho, porque em muitas festinhas e eventos, lá estávamos nós com ele segurando nosso ombro e andando bem devagar.

Claro que falhamos em muitas coisas com o velho, mas temos a consciência tranquila de termos tentado fazer o melhor para ele.

Por tudo isso e muito mais, quero agradecer a vocês três. E sei que não há nada que eu faça que possa recompensá-los por tudo isso. Então só posso dizer: muito obrigada. Sei que Joaquim também diria isso.

E como ele também dizia sempre que fazíamos uma comida que ele gostava: podem continuar fazendo.

E que Joaquim descanse em paz.

Joaquim Vitório

Joaquim de Assis Vitório
8/mar/1925 - 20/nov/2013

Em 20/nov/2013, aos 88 anos, Joaquim Vitório descansou com seus antepassados.
E que ele descanse em paz.

Ele dizia que se sonhasse que estava em um avião, sairia correndo. Mas no ano passado perguntei se queria ir de avião para a casa da Gláucia, depois de passar uns dias comigo no Rio. Ele aceitou sem reclamar. Ainda perguntei várias vezes se iria mesmo, se não faria escândalo no avião, e ele respondeu: "Claro que não vou fazer isso, eu sou homem". E realmente ele foi de avião e não deu o menor trabalho. E eis a foto para provar a sua coragem. E quando chegou em Vitória, ES, falou: "Muito rápido". E então passou a reclamar do restante das cinco horas de viagem que só poderia ser de ônibus. Era muito figura!

Leia também: Meu pai não estava doente, só estava idoso. Ele não morreu, foi assassinado

sábado, 16 de novembro de 2013

Para julgar você precisa conhecer os dois lados da história


P.S.: Se você não viu, não estava na situação, deveria ter muito temor antes de julgar (inocentar ou condenar) e escolher um dos dois lados. Deveria ouvir TODOS os envolvidos, principais e testemunhas. E ainda deveria levar em consideração os antecedentes dos envolvidos, principalmente se você os conhece há muito tempo e sabe quem já mentiu antes (como diria o professor de Nárnia 1), sabe quem já "aprontou" outras vezes. Ou seja, não é simples inocentar ou condenar alguém.

Para julgar é preciso ouvir os dois lados:
"Perfil: Um juiz tem a função de definir questões relacionadas à vida, à liberdade e à escolha de cada indivíduo. 'Ele julga as pessoas. Por isso, é preciso manter a imparcialidade, OUVIR OS DOIS LADOS e não julgar com pré-conceitos', destaca Bacellar." (Fonte) [grifo meu]

E quando há pontos divergentes, deve-se fazer uma acareação:
"A acareação, também conhecida como acareamento, é uma técnica jurídica que consiste em se apurar a verdade no depoimento ou declaração das testemunhas e das partes, confrontando-as frente a frente e levantando os pontos divergentes, até que se chegue às alegações e afirmações verdadeiras.
A acareação é um procedimento onde acusados, testemunhas ou ofendidos, JÁ OUVIDOS, são colocados face a face para esclarecer divergências encontradas em suas declarações. A acareação pode ser requerida pelas partes ou determinada de ofício pelo juiz. Entretanto, a acareação não é uma etapa obrigatória do processo, sendo a sua concessão uma faculdade do juiz."
(Wikipedia) [grifo meu]

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Quem sou eu


Up.

Sobre este blog, leia aqui.

Débora Vitório De Bonis
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Jornalista e escritora.
Blogueira desde junho/2008.
E também filósofa amadora e antropóloga amadora.
Autora dos livros Libertação é confissão de pecados e Libertação é teshuvah.
Casada com Alexandre.
E meu artesanato é colcha de retalhos.

Penso, logo questiono.
Questiono, logo incomodo.

NÃO sou evangélica, NÃO tenho religião, NÃO tenho igreja, NÃO tenho líder religioso humano. Estou fora do sistema religioso, em completa desconstrução. Mas creio em YHWH, o Eterno, estou aprendendo a obedecer à Torah (Pentateuco), a obedecer a TODOS os mandamentos e estou fazendo teshuvah. Sou sem-religião, mas minha vida é pautada pelos princípios bíblicos e sigo SOMENTE o que está na Torah e não doutrinas humanas. Para saber mais leia Saiba o que, como e porque minha vida mudou.

A certeza de estar no caminho certo não tem preço. E a sensação de que "tem alguma coisa errada" ou "não pode ser só isso" de-sa-pa-re-ceu completamente. Mas tenho cuidado para não trocar seis por meia dúzia ou uma jaula pela outra. Não quero jogar fora o bebê junto com a água do banho.

NÃO acredito na frase: "A felicidade não existe, existem momentos felizes!". Acredito em SER feliz, embora tenha momentos de tristeza.

Sigo o calendário oficial de Israel para festas bíblicas e não comemoro festas pagãs e também não comemoro aniversário.

Débora, cujo nome significa abelha. “... falou que eu era como Débora, cujo nome significa abelha, e que haveria momentos quando minhas palavras seriam doces ao paladar e momentos em que seriam como uma ferroada.” Cindy Jacobs. Abelhas não atacam. Elas apenas se defendem quando são atacadas.

"Então, eu tive aquele encontro com o Eterno [e com a Torah] do qual nunca me recuperei". Tommy Tenney

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Violência obstétrica - A voz das brasileiras! ou Violência no sistema de saúde no Brasil - A voz dos pacientes!

Estou novamente passando mal com um assunto, como aconteceu quando comecei a pesquisar e escrever sobre misoginia. E como escrevi naquela época, vou repetir minhas palavras, porque é assim que estou me sentindo hoje:

"Quanto mais mergulho na pesquisa e medito no assunto, mais me dá vontade de bater muito em um saco de areia – para não bater nos desumanos que conheci. Estou irada! Meu estômago está revirado, minhas entranhas se contorcendo, um frio intenso na barriga, ansiedade, insônia, porque, a mente não para de pensar, pensar, pensar, enfim, meus sintomas de assunto-bomba e de revelações chegando aos montes. Sinto que vou explodir."

O assunto agora é esse do título e começou quando assisti ao vídeo Violência obstétrica - A voz das brasileiras! e ao trailer do filme O renascimento do parto. E depois de quase surtar, comecei a ler sobre o assunto, e quanto mais eu leio, mais indignada vou ficando.

Hoje acordei como se estivesse de ressaca, como se um trator tivesse me atropelado ontem, como se tivesse levado vários socos na boca do estômago. Estou muito indignada, irada, com vontade de gritar, de bater em alguém, sufocada.

Diferente do assunto misoginia, desta vez a indignação é pessoal, não porque tenha sido vítima da violência obstétrica, pois não tenho filhos, mas porque somos todos vítimas da violência médica, por isso coloquei um "ou" e aumentei o título do post. E como escrevi no Facebook, "peço perdão aos bons profissionais da saúde (conheci pouquíssimos), mas acompanhando meu pai em vários hospitais, várias cirurgias [catarata nos dois olhos, prótese no joelho, duas cirurgias por causa da fratura do fêmur, e ainda houve um AVC], inúmeras consultas, sendo acompanhante de outros dois idosos em um hospital, e acompanhando um pós-parto, me sinto como essas mulheres do documentário e até hoje tenho gritos presos na garganta. Sei que a dor delas é muito maior, nem posso comparar, mas senti na pele como é ser tratado como lixo dentro dos hospitais e consultórios médicos."

Tenho tantas histórias de desumanidade que sofri e vi nos hospitais, públicos e particulares, que poderia gravar um documentário parecido. E tenho certeza de que levaria uns 50 anos para gravar depoimentos de pessoas que sofreram violência médica no sistema de saúde no Brasil. Quem não tem uma história para contar que levante a mão.

Como recordar é viver, estou revivendo toda a humilhação, toda a indignação, toda ira, toda revolta, toda incredulidade, toda violência que vivi nesses hospitais e consultórios. Cada depoimento que ouvia me fazia reviver tudo que passei com médicos, enfermeiros e recepcionistas desumanos, que gritaram comigo, que não deram informação correta, que não ensinaram nada, que praticamente me disseram "se vira", que me trataram como uma idiota, que me roubaram vários direitos, que trataram meu pai com crueldade, que pegaram o bebê que havia acabado de nascer como se pega um cachorrinho, pelo pescoço, sem nenhuma delicadeza (aliás, devem tratar muito melhor seus cachorrinhos e bichinhos de estimação). Estou revivendo a humilhação de um assédio sexual que sofri em um consultório de dermatologia, e também estou revivendo a agressão de me sentir cobaia nos tratamentos de rinite alérgica e ainda ter sido forçada a fazer infiltração no nariz sem saber antes o que iria acontecer e quando percebi havia uma agulha sendo enfiada nas minhas narinas e uma injeção sendo aplicada em cada uma e nem quero descrever o que senti naquele momento. E esses dois casos aconteceram na rede particular, quando eu tinha um dos melhores planos de saúde da época.

E como reviver pode trazer cura interior, espero que eu esteja purgando todas essas dores e gritos sufocados com a ajuda de outras pessoas que sofreram muito mais do que eu, ouvindo o depoimento delas, sentindo a dor delas, chorando com elas. Que venha a cura, enfim. Tá doendo, mas que seja para ser curada.

E novamente vejo o padrão acontecendo, as pessoas sofrem essas coisas e pensam que é só com elas, e de repente alguém se atreve a falar, a denunciar, e aí começamos a perceber que não, não foi só comigo, tem muuuuuuuita gente sofrendo como eu, mais do que eu, é muita dor, é muita dor.

Assistam aos vídeos, se tiverem coragem.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Go to Panamá, uma linda surpresa

Não era a viagem dos sonhos, mas se tornou um sonho de viagem.

Decidi escrever este post estilo diário de bordo em agradecimento aos muitos blogueiros que me ajudaram com informações sobre o Panamá. E assim como eles me ajudaram, espero também contribuir com outros turistas que vão passar por lá.

Panamá não estava na minha lista “Antes de ficarmos velhos”, mas agora entrou como item já realizado. Não programamos ir ao Panamá, fomos a trabalho e depois de pesquisar e ver as fotos e opções do que fazer, decidimos ficar mais uns dias para passear. E apesar do pouco tempo que tínhamos – uma tarde, dois dias completos e uma manhã, conseguimos visitar lugares lindos.

Confesso que só sabia que o Panamá tinha o famoso canal e o famoso chapéu, até havia assistido ao filme O alfaiate do Panamá, mas não lembro da história direito, vou ter que rever agora, e não sabia mais nada, nem onde ficava direito. Mas enquanto pesquisava sobre o país, ficava impressionada com tanta coisa boa para fazer por lá e apaixonada pelas paisagens. E Panamá foi entrando na nossa lista e eu ficando animadíssima para chegar logo.

Fazer compras não era nosso foco, nem somos especialistas no assunto, mas como todos disseram que Panamá é um dos principais destinos de compras para os brasileiros, resolvemos conferir. Seguindo os conselhos, fomos ao enorme Albrook Mall, que tem fama de ter preços médios, andamos muito e nem chegamos ao segundo piso, encontramos nosso objetivo principal, pesquisamos preços, compramos dois itens extras, cansamos e voltamos ao hotel. Na manhã do último dia fomos a outro shopping, o Multicentro Panamá, que ficava pertinho do nosso hotel, e apesar de ter fama de ser mais caro que o outro, encontramos alguns preciosos achados com preços interessantes. Mas a grande surpresa foi o aeroporto. Aquilo não é um aeroporto, é um grande e diversificado shopping, muitas lojas, muitas mesmo (que diferença do aeroporto do Rio, melhor nem comentar). Na ida não tivemos tempo de conhecer direito, porque havia uma pessoa nos esperando, mas na volta chegamos bem cedo e tivemos tempo de andar bastante. E agora podemos confirmar que compras no Panamá é tudo de bom e nem precisa sair do aeroporto, que para nós foi o melhor de todos os shoppings que visitamos. É, mesmo para não consumistas como nós, dá vontade de voltar lá e nem sair do aeroporto e aproveitar as novidades que não encontramos por aqui.

Enfim, chegamos ao que mais nos interessava: passeios. Ver o canal e as eclusas foi parte do evento oficial, por isso não voltamos para visitar como turistas. Depois tivemos apenas dois dias inteiros livres e muita coisa para conhecer, então escolhemos dois lugares de maior interesse para nós. Os dois destinos mais famosos ficaram fora da lista, San Blas e Bocas del Toro, por serem longe e na nossa avaliação não valeria a pena ir com tão pouco tempo. Mas eu queria pelo menos colocar os pés no Mar do Caribe, então no primeiro dia fomos de trem até Cólon e de lá fomos de táxi até Portobelo. Na estação do trem há vários taxistas oferecendo o serviço de ida e volta, eles levam até o porto e ficam esperando por três horas e trazem o turista de volta à estação. Acontece que o trem sai da Cidade do Panamá (capital do Panamá, onde ficamos hospedados) às 7h15 da manhã e chega em Cólon às 8h15, e volta às 17h15, então chegaríamos na estação muito cedo, às 14h30 nos nossos cálculos, aí fui perguntar ao taxista onde pegávamos o ônibus para voltar à tarde, mas ele logo se ofereceu para nos levar de volta ao hotel e fez um preço bem legal, e isso foi bem prático, porque não ficamos esperando por trem ou ônibus e chegamos cedo para descansar, porque praia cansa, rsrs, e no dia seguinte haveria outro passeio. A viagem de trem é uma gracinha, seguimos beirando o canal quase o tempo todo e passamos por dentro de uma grande floresta.

Trem chegando em Cólon.
Geralmente os turistas vão para Isla Grande, mas eu li que era um pouco suja (ah, o “cerumanu”), e também li um texto sobre a Isla Mamey (o texto é de 2011, depois descobri que a ilha não está mais como ela descreveu, as cabanas foram derrubadas) e insisti em ir para lá, mas o texto deu a entender que os barcos saíam de Portobelo e não é bem assim, eles saem de Portolindo, um pouco mais à frente, no mesmo porto em que há barcos para Isla Grande. Mas como paramos em Portobelo e o taxiacuatico de lá não quis ir para Mamey, disse que era longe, mas nos ofereceu ir a três praias ali perto, duas apenas para conhecer e uma para mergulho, decidimos aceitar, afinal era o Mar do Caribe. Então o táxi nos levou ao mercadinho, compramos água e um lanchinho, e partimos para as praias. Lugares lindos, mar delicioso, temperatura agradável, nem quente, nem gelado.

Portobelo e seus canhões.
 No porto conhecemos Emanuel, um argentino que estava viajando pelo mundo, conhecia o Brasil e falava português, e o que ele mais sentia saudade no Brasil era pipoca com leite condensado. Ri muito e lembrei da minha amiguinha Yohanna. Ele nos ajudou na negociação e foi junto no passeio, como ajudante do barqueiro. Conversamos muito com o jovem argentino e ficamos amigos de berçário. Simplesmente ele tem valores parecidos com os nossos na questão ambiental, alimentação saudável. Ele também não bebe refrigerante, reclamou dos transgênicos, disse que planta uma horta na sua casa e recolheu três sacos de lixo na praia enquanto curtíamos o mar. Se ali naquela praia deserta, sem infra nenhuma, ele recolheu todo esse lixo, nem quero imaginar como seria a Isla Grande. Acho que fizemos uma boa troca. Na última praia havia mais um barco além do nosso, com turistas americanos, e a praia era toda nossa.

Fazendo novo amigo, o argentino Emanuel.
Navegando no Mar do Caribe.

Pisando no Mar do Caribe.

Praia do Francês, Mar do Caribe, Panamá.
O barqueiro nos deixou na terceira praia, que foi a escolhida para mergulharmos, e foi abastecer e fazer um transporte para outro barco. Ele demorou um pouquinho, e aí comecei a ficar com medo de termos sido abandonados ali, rsrs. Mas ele voltou no horário perfeito para encontrarmos nosso táxi realmente nos esperando. E o táxi nos levou direto ao hotel, com direito a atravessar a Ponte do Centenário para fotografarmos a ponte e o canal. Serviço de qualidade, viagem tranquila, recomendadíssimo. Enfim, objetivo alcançado com sucesso, navegamos e mergulhamos no Mar do Caribe.

Nosso taxiacuatico chegando para nos buscar.

Canal do Panamá visto de cima da Ponte do Centenário.

Ponte do Centenário.

No dia seguinte nosso destino foi o Caribe do Pacífico, como é conhecido o Arquipélago de Las Perlas. Apesar de reservar pela internet e receber e-mail de confirmação, nosso nome não estava na lista do Ferry boat, mas conseguimos ser encaixados, ufa, e partimos para nossa aventura ruma à Isla Contadora. Uma hora e 40 minutos de viagem tranquila, eu dormi quase o tempo todo, porque o ferry sai às 7h30 da manhã. Na Ilha Contadora havia duas opções, ou ficávamos lá conhecendo as praias da ilha, e o melhor é alugar um carro maneiro ou uma bicicleta, porque caminhando é bem longe, ou pegávamos outro barco para conhecer outras ilhas, observar baleias e mergulhar para ver corais e peixes coloridos. Claro que marido preferiu pegar outro barco com o pessoal da Coral Dreams. Como não fizemos reserva, quase perdemos, mas sobraram duas vagas e novamente fomos encaixados e partimos para a maravilhosa aventura. Eu me senti traindo a Contadora, mas fizemos novamente uma boa troca, e na volta ficamos um pouquinho na Contadora, enquanto esperávamos o horário do ferry.

Escadaria linda na Isla Contadora

Guia da Coral Dreams e turistas de vários países.
O passeio completo incluía ficarmos no barco no meio do Pacífico para esperar as baleias subirem para respirar. Eu havia lido em algum lugar que a temporada era só em julho, mas devo ter entendido errado, porque a temporada começa em julho e termina em outubro. Ou seja, fomos na época perfeita, sem saber. E vimos baleias!!!!!

A primeira baleia a gente nunca esquece.

Ela é muito rápida, já mergulhou de novo.

Confesso de novo, quase morri de medo. Ficar com o barco parado no meio do oceano esperando as baleias subirem para respirar, mesmo longe delas, não foi a melhor das experiências do mundo, rsrs, eu só imaginava uma baleia embaixo do nosso barco e virando o barco e eu não voltando para contar a história. Filme de terror!!!! Marido não sentiu um milímetro de medo e ficou rindo de mim o tempo todo, mas eu só queria ir embora logo, confesso mesmo. Lindo ver as baleias, mas eu fiquei com muito medo. Depois disso paramos em duas praias lindíssimas para mergulhar apenas com uso de snorkel, porque o compressor para cilindro estava com defeito.

Parada na primeira ilha.

Pisando no Oceano Pacífico, Arquipélago Las Perlas, Caribe do Pacífíco, Panamá.
Parada na segunda ilha.
Marido vendo lindos e coloridos peixes, ele amou e
lamentou não ter comprado uma máquina para fotos embaixo d'água.
Navegando no Oceano Pacífico.

Isla Contadora, descansando enquanto esperávamos o ferry para voltar.

Companhia na Isla Contadora.

Às 15h30 o ferry saiu e navegamos de volta à Cidade do Panamá. A viagem foi outra aventura. O capitão do ferry parava de vez em quando porque ele via baleias e os turistas tentavam ver e fotografar, mas não conseguimos registrar nada, porque quando ele parava as baleias já estavam subindo e não dava mais tempo. E em uma vez ele fez uma parada brusca, levamos um susto, e ele disse que quase atropelou uma baleia. Eu, heim! E ainda tivemos a companhia de golfinhos, mas não conseguimos fotografar também, peninha.

O ferry boat chegando para nos buscar.

Apesar de ter pesquisado muito, não consegui antes informações sobre o que havia na ilha e por isso não fizemos reserva de passeio de barco. E o ferry só faz o transporte, mais nada, não faz turismo pelas ilhas. E essa informação também não havia ficado muito clara. De qualquer forma, se não tivéssemos conseguido vaga no barco, teríamos ficado na ilha, que tem uma grande infra, inclusive há hotéis para quem quiser ficar por lá. Há linhas de voos também, mas precisa comprar com antecedência, porque a procura é grande. No final deu tudo certo, mas para quem está indo para lá, fica a dica de comprar bilhetes para o ferry ou para o avião com antecedência e reservar o passeio de barco também.

Quase chegando à Cidade do Panamá, do ferry vimos a Calzada de Amador ou Amador Causeway, mas não pedalamos na calçada, como estava previsto.

Calzada de Amador vista de dentro do barco.

Pelicano, recepção de boas-vindas, voltando à Cidade do Panamá.
Vista do Canal e da Ponte das Américas, chegando à Cidade do Panamá.

No último dia, que dó, snif, fomos ao shopping Multicentro, como falei lá em cima, e no caminho passamos rapidinho no aterro da Avenida Balboa, fizemos umas comprinhas básicas e partimos para o aeroporto. A viagem foi tranquila, sete horas de voo direto para o Rio e voltar à realidade, depois de um lindo sonho de viagem não planejada, mas que vai deixar muita saudade.

Vista de cima da passarela no aterro da Avenida Balboa.
Experimentamos quase tudo que lemos sobre o Panamá. Trem e barcos. Atendentes de lojas mal-humorados, mas isso nós temos aos montes no Rio de Janeiro, infelizmente. Táxi dividido com outro passageiro, lá eles fazem isso o tempo todo, se tem lugar vazio e alguém dá sinal, eles param e pegam outro passageiro, foi muito engraçado, mas ainda bem que já estávamos avisados. Os grandes choques culturais ficaram por conta da descarga no banheiro do aeroporto, que eu não consegui descobrir como acionar, sinto muito, e da maître do restaurante que me mostrou a garrafa do vinho para eu conferir e me serviu a prova, e só depois que eu aprovei é que serviu ao meu marido. Fiquei me sentindo, rsrsrs. E a vergonha de ser brasileira foi por conta da internet ser boa e rápida e os celulares dos moradores de lá funcionando no meio do oceano, na praia deserta, na estrada no meio da floresta, e o meu não funciona na minha cozinha.

Se eu voltaria ao Panamá? Com certeza, afinal faltou muita coisa para ver e também faria tudo de novo, mas a lista do “Antes de ficarmos velhos” tem tanto item ainda para ser marcado como realizado...


Dicas de outras páginas sobre o Panamá:
http://www.visitpanama.com/
http://descubrepanamaconcopa.com/pt
http://viajeaqui.abril.com.br/paises/panama
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/americacentral/panama.shtml
http://viagens.ig.com.br/destinos/jogue-se-nas-compras-no-panama/
http://www.guiadasemana.com.br/turismo/noticia/compras-no-panama
http://www.111diaspelaal.com/?p=116&id=&lang=pt
http://ideiasnamala.com/2012/07/19/panama-dicas-para-planejar-sua-viagem-ou-escala-longa-na-cidade-do-panama/
http://viajandoemfamilia.com.br/panama-by-drika-ferreira/
http://www.nosnomundo.com.br/tag/panama/
http://dopanamapromundo.wordpress.com/