Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Como guardamos o shabat

UP. Publicado originalmente em 26/ago/2011

P.S. (jan/2012): Como já disse, desconstruir é fácil, mas construir é muito, muito difícil, porque há tanta contaminação, e chegar à tela original dá trabalho. Por isso estou em completa desconstrução. E estar em desconstrução significa estar aberto a novos entendimentos. Então, antes guardávamos o sábado do pôr do sol da sexta-feira até o pôr do sol do sábado, mas depois de pesquisar, meditar e observar sobre o assunto, percebemos que não há essa ordem na Torah e passamos a guardar o shabat apenas no período entre o nascer do sol e o pôr do sol do sábado, de manhã ao início da noite. Isso estava sendo um peso, então não guardarmos mais o shabat na sexta-feira à noite, principalmente porque meu relógio biológico é meio noturno, então na sexta-feira à noite é que normalmente vou adiantar o almoço de sábado e às vezes faço bolo e pão caseiro.


Como guardamos o shabat


‎"Diga aos israelitas que guardem os meus sábados. Isso será um sinal entre mim e vocês, geração após geração, a fim de que saibam que eu sou o Eterno, que os santifica. Isso será um SINAL PERPÉTUO entre mim e os israelitas, pois em seis dias o Eterno fez os céus e a terra, e no sétimo dia ele não trabalhou e descansou". Ex31.13,17 [grifo meu]
“Trabalhar no sábado na limpeza da casa é uma limpeza secular. Mas limpar a casa de uma pessoa que estiver doente é uma atividade espiritual e não secular.” Paulo Cilas da Silva


Guardar o shabat tem sido um aprendizado progressivo e gostaria de compartilhar como guardamos o sábado aqui em casa.

Primeiro nós decidimos não trocar seis por meia dúzia, ou seja, saímos do sistema religioso, mas não colocamos nenhum ritual ou liturgia no lugar. Paramos tudo, tudo mesmo, e estamos apenas ouvindo o Eterno. Muitos que começam a fazer teshuvah acabam ingressando no meio do judaísmo religioso e seguem suas tradições e rituais. Esse é um dos caminhos, mas nós decidimos não seguir por ele.

Quando começamos nossa busca pela verdade, percebemos que todos os grupos religiosos têm um pouco da verdade e um monte de invenções humanas. E não há na Bíblia nenhuma liturgia, nenhum ritual que nos dê base para seguir o que esses grupos ensinam. Por exemplo, o judaísmo guarda o shabat acendendo velas, fazendo rezas decoradas ou lidas, alguns exageram no rigor. Enfim, não há nada na Torah ensinando como guardar o shabat, não manda acender velas, nem fazer reunião nas sinagogas, templos etc.

É um absurdo o que fizeram com a guarda do sábado no Talmude, por exemplo. É uma lista enorme de não-pode, quase impossível de ser seguida, ou seja, é um jugo pesado demais. A Torah (Pentateuco) diz “não trabalhar no sábado”, ponto final. Mas o homem quer inventar, aí diz que não pode andar tantos metros, não pode subir escadas, não pode ajudar o necessitado.

A Torah apenas fala para descansar, não trabalhar, não fazer fogo (no sentido de trabalhar), não fazer comércio. Nada além disso. Por isso aqui em casa nós não fazemos rituais, não temos formalidades e não temos uma reunião formal. Nós obedecemos simples assim, descansando.

Como fazemos isso? No início de teshuvah, começamos com pequenas mudanças, como não ir ao mercado, não lavar roupa, não fazer faxina, e meu marido, que não tem que ir ao trabalho no sábado, mas às vezes trabalhava em casa, foi deixando de fazer isso, inclusive de ocupar a mente com o trabalho e aprendeu a descansar. Não adianta não trabalhar e ficar com a mente no trabalho.

Aos poucos fomos aumentando a obediência, evitando ao máximo atividades que envolvam comércio, como restaurantes, cinemas etc. Se marcamos alguma passeio com os amigos no sábado, procuramos marcar em um local público, praça, parque, e levamos nosso lanche, para não precisarmos comprar nada.

Tento deixar o almoço de sábado pronto ou bem adiantado. Não sigo o que acho exagero de não acender o fogo do fogão no sábado, só procuro não ficar muito tempo cozinhando, mas uso o fogão para aquecer o almoço ou para terminar o que ficou faltando fazer no dia anterior. Também faço café, sim, no fogão. Não gosto de cafeteira elétrica e odeio forno de micro-ondas. E como cozinhar não é meu ganha-pão, não é meu trabalho, não deixo de fazer um almoço quentinho no sábado, só procuro não exagerar, faço coisas mais simples.

Nosso lema é ir devagar, sem culpa, sem estresse, sem cobranças, cada um no seu ritmo, no seu entendimento, apenas um lembra ao outro quando alguém esquece, como por exemplo, às vezes um convida o outro para ir ao shopping, e o outro lembra a ele que é shabat, e levamos na esportiva, sem brigar um com o outro. Não há esse peso com a gente, não colocamos peso no ombro do outro, não cobramos, estamos aprendendo juntos.

O que sempre digo a quem está começando é isso, devagar, sem estresse, sem cobrança, um dia de cada vez, conforme for sendo convencido pelo Eterno. Não podemos ser exagerados e parar com tudo de uma vez. O ideal é mudar os hábitos aos poucos, ouvindo o Eterno, conversando, compartilhando o que tem meditado, um ajudando o outro, cada um no seu ritmo.

Na prática, fazemos mais ou menos assim. Na quinta e na sexta-feira durante o dia procuro deixar tudo pronto, preparando alimentos e limpando a casa. No sábado acordamos mais tarde, não temos horário certo, é quando cada um acha que deve acordar. Tomamos café.

Depois cada um pega seus livros, senta no sofá ou na rede, e fica um tempo lendo. Normalmente eu leio a Torah, acompanhando a parashá da semana, a porção semanal. Tenho uma Bíblia que traz a marcação da parashá e fica fácil de acompanhar. Também tenho outros livros que leio nesse período. Meu marido lê os livros dele e de vez em quando um interrompe o outro para compartilhar algo interessante.

Depois da leitura, às vezes cochilamos um pouquinho, eu costumo entrar na internet e ler uma meditação de um rabino sobre a parashá da semana. Depois almoçamos. E depois do almoço às vezes dormimos de novo.

Bem, isso é o básico, quando não temos algum compromisso fora de casa. Porque não deixamos de participar de algumas atividades sociais. Entendemos que guardar o shabat é também fazer boas obras, e visitar uma tia idosa, por exemplo, é uma boa ação.

E de vez em quando marcamos alguma atividade com os amigos, um passeio na Floresta, na Lagoa, um encontro na casa de uma das famílias. Mas não temos encontros regulares, não temos culto, não temos liturgia. É um grupo de amigos conversando e comendo juntos. Quando vamos a parques, brincamos, jogamos bola, corremos, pulamos, jogamos jogos de mesa.

Há uma família que conhecemos e que está nesse processo há cerca de 20 anos. E aprendemos com eles que sábado é dia de alegria. Eles brincam, se divertem, descansam. Eles moram em outro estado e estivemos na casa deles recentemente e vimos de perto como é isso para eles. Foi uma experiência tremenda.

Eles têm uma rotina rigorosa durante a semana, acordam cedo e dormem cedo. Cada um tem sua tarefa de estudos e trabalho em casa. Mas pra eles o shabat é de deleite, um dia de alegria, então eles criaram uma forma de marcar isso bem forte e as crianças anseiam pela chegada do shabat e comemoram isso.

Quando chega o pôr do sol na sexta-feira eles param tudo o que estão fazendo e as crianças tomam banho e se arrumam para o shabat. E a partir daí eles ficam livres para fazerem o que quiserem, brincar, descansar, e a rotina fica mais leve, não precisam dormir muito cedo e no sábado podem acordar mais tarde, cada um no seu horário. E durante o shabat eles fazem o culto pela manhã e depois brincam o resto do dia, comem biscoitos, saladas de frutas e petiscos durante o dia e quando termina o shabat eles se reúnem para jantar. Então no sábado não há almoço formal na casa deles.

E o que achei mais legal é que eles têm uma caixa com brinquedos especiais e na caixa tem o rótulo “brinquedos de sábado”, ou seja, as crianças só podem brincar com eles no sábado. E elas fazem uma festa

Quando termina o shabat a rotina volta ao normal, cada um com sua tarefa e no domingo pela manhã é dia útil para eles, como toda a semana, estudam, trabalham, renovados pelo descanso do shabat.

Gostei demais de ver isso de perto. Eu já sabia que o shabat para eles era dia de brincadeiras e alegria, pois tinha visto as fotos da família em um dia assim, mas ver de perto foi muito melhor.

E aqui também é parecido. Quando chega o pôr do sol no sábado, quando termina o shabat, tenho me policiado e me obrigado a trabalhar de propósito, para quebrar paradigmas, para mudar hábitos, para quebrar espiritualmente a mentira de que domingo é o dia sagrado, então no sábado à noite vamos ao mercado, ao shopping, lavo louça, lavo roupa. Domingo pela manhã, quando não há compromissos fora de casa, tenho uma disposição sobrenatural e cuido da casa como se fosse dia de semana, faço questão principalmente de lavar roupa, para mudar minha mente, porque cresci ouvindo que domingo era dia sagrado e preciso quebrar isso na minha mente. Mas não somos do tipo que não sai aos domingos. Se queremos passear, aproveitamos a folga do meu marido no trabalho e saímos, sim. Mas se ficamos em casa, trabalhamos normalmente e fazemos questão de lembrar que domingo é o primeiro dia da semana, então o final de semana acaba no sábado à noite.

E assim tem sido a cada shabat e cada vez mais temos experimentado descansar no Eterno, confiar que ele é o nosso provedor, lançar sobre ele toda a ansiedade e sentir nossas forças sendo renovadas para mais uma semana de atividades.

Por isso, shabat shalom a todos. Que o Eterno nos capacite a obedecê-lo.


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3 comentários:

Fernanda Andrade disse...

Hahahahaha...
Depois dessa, acho que vou me atrever a comentar porque compartilho com muitas coisas que voce acredita e nao estou tecendo nenhuma opiniao so um fato.
Mas na realidade so queria deixar uma anotacao, quando entrei aqui achei uma super coincidencia o topico Shema Yisrael, pois tinha acabado de abrir em um site com o mesmo nome http://www.shemaysrael.com/ que alias e de uma pessoa que conheci semana passada, Dolores que por sinal me deu altas dicas sobre o shabat, o qual esta semana aqui em casa ja esta sendo observado, so entrei na net para baixar um arquivo do Parashat semanal e aproveitei para ver seu Blog que e Dez....

Beijos
Shalom

blogger disse...

FIZ UM COMENTARIO COM CARINHO,AONDE FOI PARAR ELE??NAO PASSEI NO TESTE?BEIJOS.

Débora De Bonis disse...

Anônimo, não sei mesmo onde está seu comentário, porque não há comentários não publicados. Desculpe.