Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Misoginia é doença e crime

Novamente quero esclarecer que não é o meu caso, pela misericórdia do Eterno, mas este assunto tem caído nas minhas mãos de forma sobrenatural. E sei que o Eterno quer me usar para alertar as mulheres da minha geração. Por isso compartilho abaixo uma parte da introdução do livro Homens que odeiam suas mulheres e as mulheres que os amam, de Susan Forward e Joan Torres (Editora Rocco)

Ajude a divulgar este assunto. Misoginia é doença e crime. MULHER, você pode estar casada com um misógino e não sabe. Informe-se e descubra as saídas. HOMENS misóginos, assumam que têm problema e procurem ajuda. Misógino é anjo e demônio, o médico e o monstro. Num dia é maravilhoso, romântico, no outro é ciumento, violento, assustador, ou entregue a um silêncio torturante por dias seguidos. A maioria dos casos acaba em agressão física.

Por favor, protejam nossas meninas, cuidem de suas filhas, para que não caiam nas mãos de misóginos.

E por falar em misoginia... "Aplicação da lei Maria da Penha tem diferentes realidades no país"

Leia o trecho do livro:

Uma introdução pessoal

“Ninguém em seu juízo perfeito ficaria com alguém em meu estado. Jeff só continua comigo porque me ama.”

Quando me procurou pela primeira vez, Nancy estava 30 quilos acima do seu peso e tinha uma úlcera. Usava jeans velhos e largos e uma bata informe; os cabelos estavam desgrenhados, as unhas roídas até o sabugo, as mãos tremiam. Ao casar-se com Jeff, quatro anos antes, era uma elegante coordenadora de uma grande loja de departamentos de Los Angeles. Viajara a trabalho pelo Europa e pelo Oriente, selecionando estilistas para a loja. Sempre se vestira na última moda e saíra com homens fascinantes; já aparecera em diversos artigos sobre mulheres bem-sucedidas em Los Angeles – e conseguira  isso antes de completar 30 anos. Mas quando a conheci, aos 34 anos de idade, estava tão envergonhada de sua aparência e da maneira como se sentia em relação a si mesma que quase nunca saía de casa.

O declínio do amor-próprio de Nancy parecia ter começado quando ela se casara com Jeff. Quando a interroguei a respeito do marido, no entanto, ela iniciou uma longa lista de superlativos.

“Ele é um homem maravilhoso. É encantador, espirituoso e dinâmico. Está sempre fazendo coisas por mim – mandou-me flores para comemorar o aniversário do primeiro encontro. No ano passado, no meu aniversário, ele comprou de surpresa uma passagem para a Itália.”

Ela contou que Jeff, um advogado ativo e vitorioso no ramo do show busines, sempre encontrava tempo para estar em sua companhia. Apesar de sua aparência atual, ele ainda queria que o acompanhasse a todos os jantares e viagem de negócios.

“Eu adorava sair com ele e seus clientes, porque sempre ficávamos de mãos dadas, como namorados na escola secundária. Sou a inveja de todas as minhas amigas por sua causa. Uma amiga chegou a comentar: ‘Você tem um marido muito especial, Nancy.’ Eu sei que ele é mesmo especial. Mas olhe para mim! Não entendo o que aconteceu. Eu me sinto deprimida o tempo todo. Tenho de me recuperar ou vou perdê-lo. Um homem como Jeff não precisa perder tempo com uma esposa como eu. Pode ter a mulher que queira, até mesmo estrelas do cinema. Tenho sorte por ele ficar comigo tanto tempo.”

Enquanto escutava Nancy e observava sua aparência, perguntei a mim mesma: “O que há de errado neste quadro?” Havia uma contradição básica. Por que uma mulher competente e ativa haveria de ficar tão por baixo num relacionamento amoroso? O que lhe acontecera nos quatro anos do casamento para produzir uma mudança tão grande em sua aparência e senso de amor-próprio?

Pressionei-a a falar mais um pouco sobre o relacionamento com Jeff e pouco a pouco foi surgindo um painel mais claro.

“Acho que a única coisa que realmente me incomoda em Jeff é a maneira como ele se descontrola de vez em quando?”

— Como assim? – perguntei
Ela soltou uma risada antes de responder.

“Jeff faz o que eu chamo de imitação de King Kong, gritando, armando a maior confusão. Também tem a mania de me desqualificar, como aconteceu outra noite, quando jantávamos com amigos. Jeff falava sobre uma peça e eu fiz um comentário. Ele me disse, então, rispidamente: ‘Por que não cala essa boca?’ E acrescentou para os nossos amigos: ‘Não deem atenção a ela. Está sempre dizendo besteiras.’ Fiquei tão humilhada que senti vontade de afundar no chão. E, depois, mal consegui engolir a comida.”

Nancy começou a chorar ao recordar diversas outras cenas de humilhação em que Jeff a chamara de idiota, egoísta ou insensata. Quanto ficava furioso, Jeff gritava com ela, batia portas, jogava coisas.

Quando mais eu a interrogava, mais nítido o quadro se tornava. Ali estava uma mulher tentando desesperadamente descobrir como agradar a um marido que se mostrava com frequência irado e intimidativo, porém encantador. Nancy disse que muitas vezes adormecia horas depois com as palavras cruéis de Jeff ainda ardendo em seus ouvidos. E durante o dia tinha acessos de choro sem motivo aparente.

Foi por insistência de Jeff que Nancy largara o emprego ao casar. Agora, ela sentia-se incapaz de retornar a carreira. E descreveu assim a situação:

“Agora eu não teria coragem de participar de uma reunião de negócios e muito menos fazer uma viagem de compras. Não me sinto capaz de tomar decisões, porque perdi a confiança em mim mesma.”

Jeff tomava todas as decisões no casamento. Insistiu no controle de total de todos os aspectos da vida conjugal. Supervisionava todas as despesas, escolhia as pessoas com quem se encontravam socialmente e até mesmo decidiu o que Nancy deveria fazer enquanto ele trabalhava. Desdenhava qualquer opinião de Nancy diferente da sua, gritava com ela, inclusive em público, sempre que estava insatisfeito. Qualquer desvio de Nancy do curso fixado por ele resultava numa cena terrível.

Declarei a Nancy  que tínhamos muito trabalho a fazer, mas garanti que logo ela começaria a se sentir menos acabrunhada. Comentei que teríamos de analisar seu relacionamento com Jeff e que a autoconfiança que ela pensara ter perdido na verdade não desaparecera, apenas se extraviara. Juntas, trataríamos de recuperá-la. Ao deixar aquela primeira sessão Nancy sentia-se um pouco mais firme e menos perdida. Mas eu comecei a me sentir abatida.

A história de Nancy me causava um grande impacto. Sabia que, como terapeuta, minhas reações frente a uma cliente eram instrumentos importantes. Estabeleço vínculos emocionais com as pessoas com quem trabalho, o que me ajuda a compreender mais depressa como estão se sentindo. Mas aquele caso era diferente. Eu me senti inquieta depois que Nancy se retirou. Não era a primeira vez que uma mulher me procurava com aquele tipo de problema e também não era a primeira vez que eu reagia com tanta intensidade. Não podia mais negar que o que me afetava era a certeza de que a situação de Nancy se parecia muito com a minha.

Exteriormente, eu parecia confiante, realizada – uma mulher que rinha tudo. Durante o dia, no consultório, no hospital e na clínica, trabalhava ajudando pessoas a encontrar a  confiança e um senso renovado da própria força. Mas, em casa, a história era diferente. Meu marido, como o de Nancy, era encantador, sensual e romântico, eu me apaixonara perdidamente por ele no instante em que nos conhecêramos. Mas logo descobrira que ele tinha uma fonte inesgotável de ira em seu íntimo e possuía a capacidade de me fazer sentir pequena, inadequada e desequilibrada. Insistia em controlar tudo que eu fazia, acreditava e sentia.

A Susan-terapeuta podia dizer a Nancy: “O comportamento de seu marido não parece amoroso. Ao contrário, a impressão é de que está havendo opressão psicológica.” Mas o que diria a mim mesma? A Susan eu ia para casa à noite se encolhia toda para evitar que o marido gritasse com ela. Essa Susan vivia dizendo a si mesma que ele era um homem maravilhoso, uma companhia excitante; por isso, se alguma estava errada, só podia ser culpa dela.

Ao longo dos meses seguintes estudei mais meticulosamente o que acontecia no meu casamento e nos relacionamentos das clientes que pareciam se encontrar em situações semelhantes. O que estava realmente acontecendo? Quais eram os padrões? Eram as mulheres que geralmente procuravam minha ajuda, mas era o comportamento dos homens que exigia minha atenção. Como as parceiras muitas vezes os descreviam, eram encantadores e até amorosos, mas também capazes de assumir um comportamento cruel, crítico e insultuoso, de um momento para outro. O comportamento dos homens estendia-se por um amplo espectro, da intimidação e ameaça óbvias a ataques mais sutis e disfarçados, sob a forma de constantes afrontas ou críticas erosivas. Qualquer que fosse o estilo, os resultados eram os mesmos. O homem assumia o controle ao esmagar a mulher. Esses mesmos homens também se recusavam a assumir qualquer responsabilidade pela maneira como seus ataques faziam as parceiras se sentirem. Em vez disso, culpavam as esposas por todo e qualquer incidente desagradável. 

Leia também Os misóginos que conheci, a absolvição das mulheres o espírito por trás da misoginia

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